Apesar das subnotificações, o registro de mortes na educação pública estadual, com base nos comunicados que chegaram ao Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), cresceu 45% em menos de 15 dias. Entre 12 e 24 de março de 2021, as comunicações em virtude da perda de profissionais da educação chegaram a 18 óbitos. Número que eleva o total de mortes notificadas no sindicato, desde de 2020, para 58 registros. A média nas últimas duas semanas é de mais de uma morte de trabalhador da educação por dia.
A constatação do agravamento da crise sanitária no país e em Mato Grosso, na chamada segunda onda, é revelado nos levantamentos feitos pelo Sintep-MT, nas duas últimas semanas. Outro ponto constatado nas notificações é o perfil dos profissionais que vieram a óbito. Na primeira onda, antes da disseminação da nova cepa do vírus – chamada Amazônia –, boa parte dos educadores que morreram em decorrência da Covid-19 eram aposentados. A partir de 2021, os registros aumentaram significativamente entre os trabalhadores da educação na ativa, e com faixa etária entre 30 e 50 anos.
Em meio ao cenário da pandemia, o Sintep/MT reafirma a defesa pelo isolamento social e pela vacinação imediata de todos, com os profissionais da educação no grupo prioritário. E, apesar de o Ministro da Educação ter sinalizado para abril essa demanda, esta declaração não dá garantia, pois não há vacina suficiente. “É preciso se estabelecer o calendário de vacinação, pois com o ritmo imposto pelos governos na aquisição da vacina, levará anos até que todos sejam imunizados”, alerta o presidente do Sintep/MT, Valdeir Pereira.
Conforme o dirigente, as medidas do governo revelam a ausência de políticas públicas que pensem em ações coletivas para enfrentar a crise sanitária. Nem medidas econômicas, com alternativas fiscais, e muito pouco na Saúde. Para o sindicato, o governador Mauro Mendes apresentou um alinhamento com a política do governo Bolsonaro, ao negligenciar por muito tempo medidas efetivas para conter o aumento de casos do coronavírus no estado, inclusive com a decisão de retorno às atividades escolares na rede estadual, por meio do chamado plantão pedagógico.
A falta de respeito com os trabalhadores e o descaso com a gravidade da pandemia foi constatada em várias ocasiões lembradas pelo Sintep/MT. “Um desses descasos da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso ficou evidenciado, quando a Seduc cobrou da assessoria pedagógica do município de Campo Novo do Parecis, conforme relato de dirigentes, as razões da não atribuição de aulas de uma professora, e só então, descobriu que ela havia morrido em decorrência da Covid. Uma verdadeira falta de humanidade”, critica o dirigente do Sintep.
A atuação do governo de Mato Grosso se reproduz também entre prefeitos negacionistas, que priorizam a economia em detrimento das vidas. Mesmo diante dos registros de colapso na Saúde Pública e privada, várias redes municipais de educação insistem em defender a manutenção das aulas presenciais, colocando em risco a vida dos estudantes e dos profissionais. Exemplo apresentado nos municípios de Sinop, Campo Verde, Sorriso, Nova Mutum e Pontes e Lacerda. “A medida levou ao aumento significativo no número de profissionais contaminados e óbito nos municípios”, concluiu Valdeir.