Apesar de alguns municípios terem relatado escassez de oxigênio no último final de semana, o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, afirmou nesta quarta-feira (17) que Mato Grosso não vive hoje uma situação de crise na oferta do oxigênio. Contudo, ele admite que pode faltar oxigênio para atender os pacientes graves de covid-19 se a doença continuar se alastrando descontroladamente, como agora.
Sobre o caso específico dos municípios, Gilberto explicou que hoje faltam cilindros de oxigênio em cidades mais distantes dos centros de recarga. Hospitais de maior porte têm uma rede própria de oxigênio medicinal, com grandes tanques para armazenamento. Contudo, unidades de saúde de pequenos municípios não dispõem dessas estruturas e precisam abastecer cilindros menores nas cidades onde há centros de recarga.
“Os municípios não têm cilindros suficientes para estreitar essa periodicidade de recarga. O problema não é a falta de oferta de oxigênio. O que falta agora é embalagem para colocar oxigênio, que é o cilindro utilizado. Era o caso de Peixoto de Azevedo, que fez uma campanha, e eu acho que tem que fazer mesmo, porque pessoas podem ter adquirido [cilindro de oxigênio] em algum momento da vida e tinha em casa”, pontuou, em entrevista à Rádio CBN.
O secretário afirmou que o governo está trabalhando para comprar mil cilindros de oxigênio, para facilitar a logística dos municípios. Há, no entanto, uma dificuldade para conseguir os materiais, já que a demanda segue alta em todo o planeta.
Gilberto relatou ainda que tem mantido conversas constantes com os fornecedores de gases hospitalares, que garantiram ter capacidade suficiente para até triplicar a oferta caso o consumo cresça substancialmente. Contudo, admitiu a possibilidade de faltar oxigênio caso haja um crescimento abrupto na demanda.
“É lógico que se nós não contermos essa disseminação e ampliarmos de forma muito substancial aqueles que vão precisar dessa assistência, aí não dá para saber até que ponto vai a capacidade nacional de oferta. Até esse exato momento as empresas que trabalham no ramo de fornecimento de oxigênio dizem que eles têm de dobrar ou triplicar. Agora quem estimar se vai quintuplicar o consumo? Se isso acontecer, é aquilo que a gente chama de colapso”, disse.
Foi o que ocorreu em Manaus, no começo do ano. À época, a sobrecarga na rede de saúde com a explosão de casos de covid-19 fez o consumo de oxigênio hospitalar crescer mais de 11 vezes, saltando de 5 mil metros cúbicos diários para 58 mil somente na rede estadual.
“A covid agride especialmente o sistema respiratório e o melhor remédio é oxigênio. Isso não vende em comprimido na farmácia”, concluiu o secretário, lembrando que a melhor solução para o momento é evitar o contágio, diminuindo a circulação.