Um dos efeitos da pandemia em 2020 na economia foi a redução de 0,87% da carga tributária bruta do país. Com isso, o peso da tributação sobre todas as riquezas geradas no país foi de 31,64%. Mas essa redução não foi suficiente para tirar o Brasil do ranking dos 30 países que mais cobram impostos no mundo. Os impactos dos tributos sobre a renda dos brasileiros, geralmente, passam despercebidos, apesar de esses números fazerem parte da rotina de todos.
Para ajudar na compreensão do efeito dos impostos na vida dos trabalhadores e também protestar pela cobrança excessiva, entidades ligadas ao comércio criaram o Dia Livre de Impostos. A 15º edição do manifesto ocorrerá no dia 27 de maio em todo país, com mais de 5 mil empresas participantes. Em Mato Grosso, a previsão é que cerca de 400 empresas participarão do movimento, segundo a Câmara dos Dirigentes Legistas (CDL Cuiabá).
“É importante reforçar que se trata de uma campanha de conscientização e não de liquidação, com alguns produtos e/ou serviços disponibilizados pelas empresas devidamente cadastradas”, ressaltou Fábio Granja, superintendente da CDL Cuiabá.
No país em que quase um terço de todo o dinheiro gerado vai para o pagamento de impostos, a maior parte da população sente seu peso, mas desconhece o retorno. As taxas estão embutidas em todos os bens e serviços consumidos no dia a dia. Desde a conta de energia até o prato de arroz que é colocado na mesa, nada escapa ao peso dos impostos.
“Manifestar a insatisfação do brasileiro com a tributação abusiva, que limita o poder de consumo da população, além de servir de freio para o crescimento econômico do país, é o objetivo da campanha. A ação é fundamental para que a população compreenda toda a tributação que os produtos e serviços consumidos sofrem”, explica Fábio.
Durante o evento, os consumidores saberão o real impacto dos impostos em suas vidas. “Com a ação, também aumentamos o seu poder de consumo por um dia”, destacou.
De acordo com o portal Impostômetro, na última quarta-feira (19), às 7 horas e 53 minutos, o Brasil atingiu a marca de R$ 1 trilhão arrecadados em tributos desde o primeiro dia do ano. O montante inclui impostos cobrados pelos governos federal, estaduais e municipais.
“O índice, portanto, já aponta que os contribuintes brasileiros devem pagar mais dinheiro para os cofres públicos neste ano do que pagaram em 2020 e, até mesmo, em 2019, época sem pandemia”, justificam os responsáveis pelo Impostômetro.
PARA PARTICIPAR – Para participar da ação, o empresário poderá entrar em contato com a CDL Cuiabá para assinar um termo. Após a assinatura, receberá um kit impresso com cartazes de identificação da campanha, além de ter o cadastro efetivado no portal oficial www.dialivredeimpostos.com.br e demais materiais on-line.
Por que pagamos impostos?
Os cidadãos de qualquer nação pagam impostos para manter o funcionamento dos serviços públicos. É como uma taxa de condomínio, mas que se paga ao Estado. Os valores arrecadados devem retornar em forma de benefícios e serviços para o bem-estar coletivo. A manutenção de área externa, saúde, educação, segurança pública, iluminação e lazer são alguns dos ‘benefícios’. O problema é que, na prática, boa parte do valor arrecadado perde-se no caminho de volta, ou seja, não são devolvidos.
No grupo dos 30 países com maior carga tributária, o Brasil é o 14º que mais arrecada impostos e é o que apresenta o pior retorno dos valores. A informação é do estudo ‘Índice de retorno de bem-estar à sociedade’, realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
O mesmo instituto também estimou, em outra pesquisa, que o contribuinte brasileiro trabalhou até o dia 30 de maio de 2020 só para pagar tributos. Isso significa dizer que, conforme o rendimento médio do brasileiro, a tributação seria de 41,25% sobre a renda.