Um botijão de gás de cozinha (GLP) já consome quase 9,5% do salário mínimo atual (R$ 1.100), mas a situação deve piorar nos próximos dias. Nesta quinta-feira (7), a Petrobras elevou o preço do gás GLP em 6%. Estima-se que, com o reajuste, o barril de 13 kg nas refinarias deve custar R$ 35,98 para as distribuidoras e revendas.
Em Cuiabá, o preço médio do gás para o consumidor final é R$ 96,47, com os valores variando entre R$ 84,99 e R$ 105, segundo levantamento mais recente feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com o reajuste anunciado pela Petrobrás, os demais integrantes da cadeia, como as distribuidoras e revendas, devem aumentar os preços e a tendência é que o aumento chegue a R$ 6 para o consumidor.
“Ainda não temos uma posição do valor que será reajustado, mas deve girar em torno de R$ 3 reais para nós e na ponta algo parecido. Para o consumidor final, o aumento deve variar entre 3 e 6 reais”, calcula o empresário José Humberto Botura, proprietário da distribuidora Chamagás em Mato Grosso.
A Petrobrás já havia feito um reajuste de 5% no produto em dezembro do ano passado, que somado com o novo aumento, já acumula uma alta de 11% em apenas um mês. E a tendência é que o gasto com gás de cozinha continue a subir neste ano devido à alta do petróleo no mercado internacional. O valor do barril de petróleo bruto, do tipo Brent, está quase US$ 50.
Em nota, a Petrobras justificou que o preço do GLP tem como referência o valor de paridade de importação, formado pelo valor do produto no mercado internacional, mais os custos que importadores teriam (frete de navios, taxas portuárias e demais custos internos de transporte), também sendo influenciado pela taxa de câmbio.
“Atrelam isso ao dólar, mas particularmente acho um abuso. Nós [distribuidores] já tivemos quase 50% de aumento nos preços, nosso custo subiu quase R$ 12 reais de junho até agora. Está ficando difícil repassar os preços e, nesse período, houve aumentos que acabamos absorvendo. Achei que não teria novamente um aumento de 6%, que tem sido frequente em quase todos os meses. Somando, vai ver o quanto custa”, desabafa o empresário.
Para uma parcela da população mato-grossense, os frequentes reajustes no gás GLP podem inviabilizar a compra do produto. O estado tem o gás de cozinha mais caro do país. A diferença entre a média nacional (R$ 75,29) e o preço médio cobrado em Mato Grosso (R$ 96,47) é mais de R$ 21 reais, ou 28% mais caro.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, Alexandre Borjaili, afirmou que “a tendência é de que o preço do botijão atinja de R$ 150 a R$ 200 este ano".
O encarecimento do gás também tem incentivado às famílias economizarem mais e, com isso, as vendas também estão em queda.
“Hoje o preço de um botijão de gás gira em torno de 10% do salário mínimo, mas se passar disso vai ficar difícil trabalhar. As vendas já caíram 6% no ano passado, pois as famílias estão economizando mais. Quem usa o botijão de gás não é a classe A ou B, mas a classe C, a população mais carente, que faz suas refeições em casa. Para esse grupo, se antes um botijão durava em média 26 dias, agora com a economia dura 45 dias. Isso reflete nas vendas”, explica José Humberto.
O preço do gás GLP é composto por quatro faixas de valores, sendo que 37% para distribuição e revenda, 15% para ICMS, 3% para o PIS/Pasep e Confins e 45%, a maior fatia, para a Petrobrás.