A criação de um limite para parcelamento sem juros no cartão de crédito foi criticada pelo presidente da Fecomércio Mato Grosso, José Wenceslau de Souza Júnior. Segundo ele, a medida irá prejudicar o principalmente o comércio varejista, já que o crédito é uma das ferramentas mais importantes para ampliar a capacidade de consumo da população e movimentar a economia.
Wenceslau admitiu que é necessário combater o superendividamento da população, mas apontou que há outras ferramentas capazes de fazer isso sem prejudicar o setor do comércio.
“[...] Existem alternativas que podem ser avaliadas e implementadas, como a realização de campanhas e programas que visem a educação financeira da população para que utilizem o crédito da melhor forma possível. O que não pode ocorrer é o retrocesso da economia, onerando ainda mais o consumidor brasileiro, prejudicando o ambiente dos negócios e, consequentemente, toda a economia do país”, disse Wenceslau, em artigo divulgado na última quarta-feira, 1º de novembro.
O limite para parcelamento no cartão de crédito está sendo debatido desde que o Congresso transformou em lei a medida provisória que criou o programa Desenrola Brasil. Um dos trechos da lei determina que as instituições financeiras devem buscar uma medida pra acabar com as altas taxas de juros do cartão e a negociação ficou a cargo do Banco Central.
Porém, os bancos afirmam que um dos motivos para a elevada taxa de juros é a existência do parcelamento sem juros no cartão de crédito. Dessa forma, os bancos abriram uma guerra com o setor de comércio e com as operadoras de maquininhas.
A proposta mais recente, feita pelo Banco Central, prevê um limite de no máximo 12 parcelas sem juros. Porém, estudos apontam que a média das compras em cartão de crédito é feita em 13 parcelas.
Wenceslau Júnior afirma que a aprovação dessa medida irá desestimular o uso do cartão de crédito, afetando diretamente o setor do comércio.
“A medida, com certeza, desincentivará as compras parceladas e afetará diretamente o consumo das famílias e o faturamento das empresas, dois fatores de muita importância para determinar o ritmo de crescimento da economia e as expectativas futuras”, pontuou.
Levantamento realizado mensalmente pela Fecomércio aponta que 7 em cada 10 famílias cuiabanas possuem dívidas com o cartão de crédito. Porém, a mesma pesquisa indica que a maioria dessas famílias não tem enfrentado problemas para quitar suas dívidas, já que o índice de inadimplência tem recuado.
“Esses dados locais, com certeza, refletem no estado, mas não de maneira negativa, já que o endividamento é importante para a economia, pois significa que a população está tendo condições de assumir dívidas, diferente de inadimplência, quando o consumidor deixa de pagar as contas”, argumenta Wenceslau.
Uma nova rodada de negociações deve acontecer no início de novembro. Ainda há um longo caminho até que a medida se transforme em realidade. Isso porque a proposta aprovada pelo Banco Central ainda precisa ser submetida ao Conselho Monetário Nacional para ser colocada em prática.