As donas de pequenas empresas contrataram mais que os homens em fevereiro. Mesmo com menos acesso ao crédito, elas se destacaram na abertura de vagas para o período, segundo levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Ao todo 6.228 empresários e empresárias foram ouvidos para a pesquisa em todo país.
O engajamento on-line foi um dos fatores que contribuiu na participação feminina na criação de novos postos de trabalho em fevereiro. De acordo com os dados da pesquisa, 16% das empreendedoras contrataram no período, contra 13% dos donos de pequeno negócio.
O destaque das empreendedoras no mercado de trabalho também ocorreu com menos acesso ao crédito. Do total das entrevistadas, apenas 46% tentaram empréstimos junto a bancos, enquanto 52% dos homens buscaram ajuda junto às instituições financeiras.
O resultado da pesquisa confirmou uma tendência verificada desde o início da pandemia, onde as mulheres empreendedoras estão mais abertas ao universo da internet para comercializar produtos e manter o relacionamento com os clientes de forma on-line.
“Percebemos que os pequenos negócios mantidos por mulheres, seguem a tendência de vendas on-line e marketing via mídias sociais. Esse movimento já vinha sendo notado, mas foi acelerado com a pandemia”, ressaltou Carlos Melles, presidente do Sebrae.
A maioria das vendas realizada por mulheres continuam sendo feitas pela internet (redes sociais, aplicativos, marketplace, etc.). Das participantes da pesquisa, 74% das empresárias vendem seus produtos ou serviços de forma digital, esse percentual é 10 pontos inferior entre os homens (64%).
Renata Malheiros, analista de empreendedorismo feminino no Sebrae, pontua que o fato de as mulheres alcançarem esses resultados realizando menos empréstimos que os homens, trata de uma questão cultural. “O público feminino ainda tem uma relação distante das instituições financeiras. Muitas acreditam que é um universo inacessível, seja por crenças individuais, seja porque não encontram ambiente amigável, não se sentem à vontade para solicitar um empréstimo e encarar uma negociação”, explica.
DEMISSÕES - Quanto ao número de demissões no mês de fevereiro, apenas 9% das mulheres empresárias disseram ter demitido algum funcionário. O resultado é 3 pontos percentuais (p. p.) a menos do que os 12% confirmados pelos empresários. A consulta para a pesquisa ocorreu entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março de 2021.
MEDIDAS DE GOVERNO - 38% das empreendedoras dizem que a medida mais importante, nesse momento, seria a extensão das linhas de crédito especiais, para 31% a extensão do auxílio emergencial, 14% a moratória, 11% adiamento do pagamento de impostos e 6% auxílio para a redução e suspensão de contratos de trabalho. Para os empresários, a extensão do crédito é a opção mais citada (52% dos entrevistados).