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Economia Terça-feira, 27 de Abril de 2021, 11:05 - A | A

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EFEITOS COVID

Pandemia reduz tamanho da classe média e pode causar rombo de R$ 100 bi na economia

Não são apenas os mais pobres que estão sofrendo a pressão econômica trazida pelo novo coronavírus. A classe média também encolheu ao seu menor patamar em 10 anos e agora já se iguala à classe baixa. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva no mês de março, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Segundo o estudo, cerca de 4,9 milhões de brasileiros saíram da chamada classe média para a classe baixa entre março deste ano e o começo de 2020. É a primeira vez em 10 anos que o grupo se iguala, em representatividade da população brasileira, à classe baixa. Hoje, cada grupo é composto por 47% da população. Já a chamada ‘elite’ se manteve estável, com 6%.

A economista Thaís Sampaio avalia que o alto número de desempregados, a inflação elevada e a crise sanitária têm influenciado na dificuldade de retomar a economia. E a perspectiva é que a situação só mude, de fato, em 2022.

“Muita coisa tem influenciado, inclusive o medo com a saúde financeira. Vejo que muitas famílias têm optado pelo que é mais necessário, básico para sobrevivência”, disse.

O estudo aponta que seis em cada dez brasileiros da classe média perceberam sua renda familiar diminuir no último ano. Cerca de 19% das famílias desta classe estão sobrevivendo com metade ou menos da metade de sua renda anterior à pandemia.

O problema é agravado pelo fato de que a maioria das pessoas da classe média não tinha um fundo de reservas para aliviar os problemas causados pela pandemia. Dos mais de 1.600 entrevistados, 35% abriu mão do serviço de babá ou doméstica, 23% cancelou plano de saúde e 18% transferiu os filhos para uma escola pública.

O microempreendedor Gaspar Lemes, 52 anos, é um dos brasileiros que entra na estática da pesquisa. Em entrevista ao Estadão Mato Grosso, ele afirmou que conseguia manter as contas em dia até antes da crise sanitária, mas que ultimamente não está conseguindo pagar contas básicas para manter o seu negócio.

“A situação está complicada. Tive que trocar meu carro por um mais econômico, porque não posso ficar sem, cancelei meu plano de saúde e cancelei alguns cartões, por medo de não dar conta de pagar. A crise chegou e voltamos à estaca zero. Todo santo mês é uma, duas ou três contas que ficam sem pagar”, disse.

A diminuição da renda terá um impacto significativo na velocidade da recuperação econômica brasileira. A pesquisa estima que a classe média deverá consumir quase R$ 100 bilhões a menos em 2021.

A consultoria Tendências, que também faz pesquisas sobre a conjuntura da economia brasileira, projeta retorno da recessão técnica em 2021, com queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 0,6% no primeiro e de 0,9% no segundo trimestre deste ano. Já para o acumulado do ano, a projeção aponta para alta de 2,7% no ano, uma recuperação considerada fraca e que ainda vai depender muito do ritmo da vacinação no país.

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