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Economia Sexta-feira, 22 de Setembro de 2023, 07:18 - A | A

Sexta-feira, 22 de Setembro de 2023, 07h:18 - A | A

BOMBA À VISTA

Preço do diesel pode disparar após corte de exportações da Rússia

Da Redação

Os preços do diesel devem sofrer novo aumento em breve, acompanhando o ‘boom’ do petróleo no mercado internacional. A decisão da Rússia nesta quinta-feira, 21 de setembro, de proibir temporariamente as exportações de diesel em meio a uma escassez interna do produto colocam ainda mais lenha na fogueira. Na mesma esteira, a gasolina também pode sofrer um reajuste, embora em nível menor.

O barril de petróleo tem registrado uma escalada de preços impressionante nas últimas semanas, que chega a 35%. No começo da semana, o preço do barril atingiu o maior patamar desde novembro de 2022, cotado a US$ 94,43. Já na tarde desta quinta, a cotação havia recuado levemente e o barril era negociado na faixa de 93,26 dólares, com tendência de alta após o anúncio da Rússia.

 

A escalada do preço do petróleo fez disparar a defasagem dos preços dos combustíveis no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem no preço do diesel esteve oscilando na faixa de 70 centavos há duas semanas. Nesta quinta, a defasagem foi de 64 centavos por litro, o que representa 14% do preço.

A situação da gasolina também não é muito diferente. O relatório da Abicom indica que os preços brasileiros estão defasados em 19 centavos nesta quinta, valor que já chegou a 38 centavos na semana anterior, quando as cotações do dólar estavam mais elevadas. A disparada do preço do dólar nesta quinta deve adicionar ainda mais pressão a essa mistura.

Diante desse cenário, a Petrobras deve sofrer forte pressão para elevar os preços dos combustíveis já nos próximos dias. Isso porque o Brasil ainda precisa importar cerca de 25% do diesel que consome. Com o combustível mais caro no mercado internacional, os importadores podem deixar de atuar, devido ao prejuízo na competição de preços com a Petrobras, colocando em risco a capacidade de abastecimento do mercado interno.

A suspensão das exportações da Rússia coloca ainda mais lenha na fogueira, já que o país se tornou o maior fornecedor do Brasil nos últimos meses, chegando a 74% do volume total de diesel importado pelo país em agosto. O diesel russo era um dos principais trunfos da Petrobras para segurar os preços nos períodos de defasagem, já que o produto tem sido vendido com desconto, devido às fortes sanções econômicas que a Rússia sofre por causa da guerra.

Segundo levantamento realizado pela consultoria Argus, a defasagem dos preços brasileiros para os preços russos era de 9,8% no dia 8 de agosto, quase metade da diferença em relação aos preços internacionais, que chegava a 15,1% naquele dia. Dessa forma, os importadores ainda conseguiam um ‘desconto’, o que pode ter fim caso a suspensão de exportações se concretize para o Brasil.

A situação, caso se confirme, deve aumentar a volatilidade de preços tanto no mercado internacional quanto no mercado interno, criando ainda mais pressão para um reajuste por parte da Petrobras.

Apesar de a nova gestão da Petrobras ter abandonado a política de Paridade de Preços Internacional (PPI), a petroleira já deu sinais de que não pode se desligar completamente do mercado externo, quando fez um mega-aumento nos preços em agosto passado. À época, porém, a petroleira esperou a defasagem passar de 16% para a gasolina e 25% para o diesel, pois ainda contava com o abastecimento de combustível russo.

Segundo analistas de mercado, a tendência é de que o preço do petróleo siga elevado no mercado internacional, devido aos cortes de produção anunciados pela Arábia Saudita e a Rússia até o final do ano, além da redução da extração nos Estados Unidos.

 
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