Em Mato Grosso, hipertensão, hemorragia e infecções são os principais motivos de óbitos entre grávidas ou puérperas, mas a Covid-19 passou a chamar atenção
O pré-natal é o maior aliado na luta pela redução da mortalidade materna, que tem o dia Nacional celebrado em 28 de maio. A hipertensão, a hemorragia pós-parto e as infecções já são pontos de atenção observados por médicos e especialistas. Mas desde 2020, a Covid-19 passou a fazer parte das doenças que colocam em risco a vida de grávidas e puérperas (mães de recém-nascidos).
O professor do curso de Medicina da Universidade de Cuiabá (Unic), médico obstetra e especialista em gestação de alto risco Paulo Leão explica que a nova doença impacta diretamente nos números, pois tem efeitos mais severos. “A mulher grávida tem um risco maior de morte pelo coronavírus porque costuma ter a imunidade mais baixa, mas também é possível perceber que a doença age não só de forma mais rigorosa, como tem um processo acelerado em gestantes”, explica.
Segundo dados do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19), o número de mortes de grávidas e puérperas sofreu aumento em 2021 em relação a 2020. Os aumentos são de 161,36% entre mulheres que estavam no 1° semestre de gestação; 108,86% para o 2° semestre; e 164,15% de aumento para o 3° semestre de gravidez. Já os dados analisados entre as grávidas com a idade gestacional ignorada, o dado chega a ser 240,74% maior.
O especialista indica que a gestante procure orientação médica ao perceber os primeiros sinais da doença para que o tratamento seja iniciado imediatamente. “Mesmo que os sintomas sejam muito leves, é importante que ela vá ao médico e verifique. Como o índice de coagulação é alto entre as grávidas, há maior risco para casos de trombose ou embolismo, por isso na maioria das vezes, elas precisam tomar medicamento anticoagulante nas formas moderadas e graves, justamente porque o coronavírus age de forma rápida entre as gestantes”, orienta.
O professor reforça que o pré-natal deve ser iniciado assim que a mulher descobre a gravidez, quando vai para a primeira consulta médica e realiza todos os exames requeridos. O acompanhamento é feito durante toda a gestação e é necessário para que medidas sejam tomadas de forma antecipada, caso algo aconteça.
“Em Mato Grosso, os casos mais comuns são o óbito por hipertensão, hemorragia ou infecção. A primeira, por exemplo, é rastreável durante o pré-natal, assim o médico ou médica pode indicar o melhor tratamento. Já a hemorragia pode acontecer logo após o parto. É importante que a mulher seja observada durante a primeira hora depois do nascimento da criança, para evitar uma morte. O pré-natal consegue identificar também as possíveis infecções, ainda em estágio inicial, fazendo com que as chances de cura sejam bem maiores”, finaliza.