A Unimed Cuiabá conseguiu identificar o segundo autor das denúncias falsas e difamatórias feitas contra o plano de saúde na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com base em informações prestadas pela Google Brasil, a operadora identificou que o suspeito é o médico radiologista Ricardo Gonsales, presidente da Unimed Vale do Sepotuba, conselheiro da Unicred-MT e diretor financeiro da Unimed Federação Mato Grosso.
O Estadão Mato Grosso teve acesso ao processo no qual a Unimed Cuiabá denuncia o médico formalmente à Confederação Nacional das Cooperativas Médicas (Unimed do Brasil), pedindo seu afastamento imediato dos cargos que ocupa. Ele também foi incluído na representação criminal que a Unimed está movendo contra o médico oncologista Gilmar Ferreira do Espírito Santo, pelo mesmo crime.
Conforme o documento, o telefone de Ricardo Gonsales teria sido usado para criar um e-mail falso, que apresentava o nome do ex-juiz “Sergio Moro”, e foi utilizado para disseminar anonimamente denúncias falsas contra a cooperativa. Os e-mails disparados por essa conta acusavam a Unimed Cuiabá de cometer crimes contra a Receita Federal, fraudes fiscais e de promover um rombo de R$ 100 milhões nas contas da prestadora de saúde.
Os dados apresentados pela Google também revelaram que o endereço de IP utilizado para criar o e-mail aponta para a localização da Clínica Doyon, sediada em Tangará da Serra, da qual Ricardo Gonsales é sócio.
Já Gilmar Ferreira é sócio da Oncomed, empresa especializada em radioterapia que prestava serviços à Unimed Cuiabá, mas foi descredenciada em 15 de dezembro de 2020, cerca de um mês antes da divulgação dos e-mails difamatórios.
Conforme o processo, Ricardo e Gilmar teriam contratado uma banca de advogados para elaborar um parecer jurídico contra a Unimed Cuiabá, com base em documentos supostamente distorcidos. Só que essa mesma banca de advogados presta serviços para a Unimed Cuiabá e, por um equívoco, teria encaminhado a nota fiscal do parecer para a operadora de saúde pagar.
O e-mail encaminhado pelo escritório de advocacia para cobrar o pagamento apontava que o serviço havia sido encomendado pelos médicos “Dr. Ricardo” e “Dr. Gilmar”. Contudo, o sobrenome de Ricardo foi escrito errado e, por isso, ele não foi incluído na denúncia inicial, apresentada à Polícia Civil no dia 20 de janeiro. Em busca do nome real, a Unimed processou a Google, que forneceu os dados usados para criar a conta de e-mail.
Para a Unimed Cuiabá, a difamação foi feita por causa da rescisão do contrato com a Oncomed. A operadora informa que cancelou o contrato porque a empresa não teria aceitado os novos parâmetros de preços no mercado local. Disse ainda que seguiu todos os prazos e procedimentos legais previstos no contrato.
A representação criminal foi registrada junto à Polícia Judiciária Civil, que está investigando o caso.
OUTRO LADO – A reportagem entrou em contato com o número indicado nos processos e conversou com um homem que se identificou como o médico Ricardo Gonsales. Ele afirmou que não tinha conhecimento do processo e pediu tempo para conversar com seus consultores jurídicos antes de se manifestar.
Nenhuma informação foi repassada até o fechamento desta edição. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
