Os pais da adolescente que matou Isabele Guimarães Ramos, 14 anos, foram proibidos pelo juiz Murilo Moura Mesquita, da 8ª Vara Criminal de Cuiabá, de praticarem tiro esportivo. Eles também foram obrigados a entregar armas, munições e apetrechos de tiro que possuíam em casa. A decisão é desta quinta-feira (11).
O magistrado atendeu pedido do Ministério Público Estadual (MP-MT), que relatou que o casal sempre agiu de forma "desidiosa" e "violadora" de seus deveres como caçadores, atiradores e colecionadores de armas.
"Deste modo, a considerar o resultado morte atribuído à suposta negligência dos réus, mostram-se adequadas e suficientes as medidas cautelares diversas da prisão, até mesmo como forma de preservar a integridade física dos seus filhos", diz trecho da petição.
O casal também não tinha cofres para o armazenamento das armas em casa, como foi constatado na perícia e também nos depoimentos dos envolvidos, que revelaram que as armas ficavam guardadas em caixas dentro do closet.
O magistrado determinou que a federação mato-grossense de tiro suspenda o direito do casal à prática esportiva. Segundo ele, a medida busca proteger até mesmo os filhos do casal devido à suposta negligência no cuidado com as armas.
“Não se pode olvidar, ademais, que todo o traquejo e conhecimento dos réus a respeito do manuseio de armas de fogo, ao que parece, não foi suficiente para evitar os fatos anunciados na exordial acusatória. Deste modo, a considerar o resultado morte atribuído à suposta negligência dos réus, mostram-se adequadas e suficientes as medidas cautelares diversas da prisão, até mesmo como forma de preservar a integridade física dos seus filhos”, concluiu Murilo.
O casal foi indiciado pelos crimes de homicídio culposo, entrega de arma de fogo a menor, fraude processual e corrupção de menores. O empresário ainda responde por posse ilegal de arma de fogo, já que a arma que matou Isabele e estava em sua guarda, mas não lhe pertencia.
O crime
No dia 12 de julho de 2020, a filha do empresário estava reunida com toda a família em casa, no condomínio Alphaville, e convidou sua melhor amiga, Isabele Guimarães, para ir fazer uma torta de limão para o jantar.
Finalizado o jantar, após passarem algumas horas juntas, o empresário pediu que a filha guardasse duas armas que seu genro tinha levado para fazer uma manutenção. Ao subir, a adolescente foi direto para o seu quarto e encontrou Isabele no banheiro de seu closet, momento em que aconteceu o crime.
Após as investigações, a juíza da 2ª Vara Especializada da Criança e do Adolescente de Cuiabá, Cristiane Padim, determinou a detenção imediata, pelo período de três anos, da adolescente autora do disparo no Centro Socioeducativo Lar Menina Moça. A garota está internada desde o dia 19 de janeiro. Sua defesa já entrou com três habeas corpus, que foram negados.