Como médico, estou acompanhando, indignado, a circulação de informações falsas a respeito da vacinação contra a Covid-19. É importante ressaltar que já temos no Brasil mais de 218 mil mortos, portanto, não é uma gripe qualquer. Temos que parar de nos opor à ciência para preservar vidas, lembrando que a desinformação, contrainformação e as “fake news” matam mais que a doença.
Números divulgados pelo Ministério da Saúde apontam para mais de 61 mil infectados e 1,2 mil mortos a cada 24 horas. No total, são mais de 8,9 milhões de casos acumulados e 915 mil ativos em acompanhamento. Em Mato Grosso, ultrapassamos 5 mil óbitos e a taxa de ocupação das UTIs é preocupante, beira 70%.
Acompanhamos os primeiros profissionais do país sendo vacinados com muita emoção. Penso que todos nós queremos retomar a vida anterior à pandemia: comércios abertos, aulas presenciais em escolas e universidades, missa (ou culto) em igrejas lotadas, cinema no shopping, festas, queremos nos abraçar e aglomerar!
No entanto, para que possamos vencer o coronavírus, que já tem novas versões mais perigosas em circulação, devemos fazer o dever de casa. Sair apenas para o estritamente necessário, usar máscara da forma correta (que não é no queixo!), fazer a higienização das mãos e dos produtos à qual temos contato, manter distância de segurança das pessoas e cuidar da saúde.
Temos um calendário de vacinação nacional e estadual a ser cumprido. Estou ansioso e otimista que dê tudo certo, que possamos inclusive antecipar a vacinação coletiva de toda a população. Incialmente, a prioridade é dos profissionais que estão na linha de frente ao atendimento dos pacientes com Covid-19.
Como é uma doença nova e as pesquisas muito recentes, neste primeiro momento, não há dados de segurança e de eficácia da vacina em gestantes e em crianças, que ficarão de fora do plano de imunização. Mas é totalmente falso que as vacinas podem alterar o DNA da pessoa, muito menos que a coronavac não é segura por ser chinesa.
Aliás, a China que conhecemos há algumas décadas hoje é uma grande potência tecnológica e científica, que produz os melhores produtos do mundo em diversas áreas, inclusive vacinas! Além disso, as vacinas passam pelos crivos de produção tanto do governo chinês, quanto dos países que vão recebê-las, inclusive do Brasil. Portanto, não caia, nem circule fake news de teorias conspiratórias.
No atendimento a crianças por mais de 40 anos, posso assegurar a importância de os pais cumprirem o calendário de vacinação dos filhos. Amigos e amigas, vacina não causa autismo, também não contém na sua fórmula mercúrio ou formol. Outro mito é de que com a vacinação se pega Covid-19. A vacina astrazeneca, a da Fiocruz, usa outro vírus, que é inofensivo, para levar apenas informações genéticas do coronavírus. E a coronavac, a do Butantan, usa o coronavírus, mas inativado, sem a capacidade de se replicar no organismo.
“Mas, Dr. a eficácia é muito baixa”. Nunca se falou tanto em eficácia de vacina, mas, das 12 vacinas que compõem o calendário de vacinação no país, a maioria está abaixo de 90%, e a vacina contra a gripe, oscila entre 40 e 60%. O mais importante é que as vacinas contra a covid-19 diminuem em até 100% de internações e reduzem muito a gravidade de doença, com pouquíssimos efeitos colaterais. Menos pessoas precisarão de leitos de UTI e teremos menos os óbitos.
Outra dúvida comum é se preciso tomar a vacina, mesmo após ter tido a doença. A resposta é “sim”, porque ela fortalece a defesa natural do organismo contra a Covid-19 no caso de uma reinfecção; e também age mais rápido contra variações da doença. Mesmo que fique para o final da fila, vacine-se.
Conforme o calendário nacional de vacinação, a aplicação da coronavac ocorre em duas doses, sendo a segunda entre 14 e 28 dias após a aplicação da primeira. Mesmo após tomar a vacina, teremos que continuar com os mesmos procedimentos de segurança: máscara e distanciamento. Sejamos resilientes e obedientes, falta pouco!
LUIZ AMILTON GIMENEZ é médico e deputado estadual em Mato Grosso