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Opinião Sexta-feira, 21 de Maio de 2021, 10:44 - A | A

Sexta-feira, 21 de Maio de 2021, 10h:44 - A | A

EDITORIAL - 21/05/2021

Método sanfona

Acompanhando a tendência no restante do Brasil, Mato Grosso está se especializando no ‘efeito sanfona’ da pandemia. Mais uma vez, estamos vendo se repetir o ciclo que leva a uma nova onda de contágios e, com toda certeza, à possibilidade de um novo fechamento. O Brasil se especializou no ‘método sanfona’ de convivência – e não de combate, que fique clara a diferença – com a pandemia. Fecham tudo quando a ocupação dos leitos de UTI passa do limite máximo e voltam a abrir tão logo caia abaixo de 85%.

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A população também não colabora. Aliás, é imperativo destacar que esse método sanfona tem sido adotado em todo o país devido à pressão popular, que está acuada entre as difíceis escolhas que o governo federal lhe deu – morrer de fome ou de doença. Sem o respaldo necessário por parte da União, os Estados até tentaram socorrer seus habitantes e empresários, mas não dispõem da capacidade de endividamento necessária para sustentar as medidas restritivas necessárias.

O próprio secretário de Estado de Saúde reconheceu nesta quinta-feira (20) que Mato Grosso já dá sinais de que está vivendo uma nova onda. Isso sem sequer ter deixado completamente a segunda onda de contágios para trás. A fala de Gilberto já havia sido antecipada na quarta-feira (19) pelo deputado oposicionista e médico sanitarista Lúdio Cabral, que alertou para o crescimento da taxa de contágio em Mato Grosso. Pelos seus cálculos, a taxa chegou a 1,12 no começo desta semana, o que significa aceleração constante no registro de novos casos. Isso representa que cada grupo de 100 pessoas infectadas passam o vírus para 112 pessoas, aumentando exponencialmente o contágio.

Desde março deste ano, Mato Grosso continua registrando mais de 40 mortes por dia, com uma ou outra exceção. Entre os dias 12 e 19, mais 287 mato-grossenses perderam a vida, uma média de 41 óbitos ao dia. É este patamar que está sendo considerado normal para a retomada das atividades. Pior ainda, é este número de óbitos diários que está sendo considerado normal pelas pessoas que estão lotando casas de show, como se não tivesse tal vírus mortal à solta.

As leis da natureza dificilmente falham. Com cada vez mais pessoas se aglomerando em bares e casas de show, adotando comportamentos de risco que não cumprem o mínimo de segurança necessária nos tempos de pandemia, a chegada da terceira onda se torna inevitável. Dentro do próximo mês veremos o impacto disso sobre nosso já combalido sistema de saúde, mas os primeiros sinais já estão aí. A taxa de ocupação dos leitos de UTI voltou a crescer nesta quinta-feira (20), atingindo 78,92%. Atualmente, 560 pessoas estão lutando pela vida nos hospitais de Mato Grosso.

Cabe a cada um de nós colocar a mão na consciência e pensar, várias vezes, sobre as atitudes que estamos adotando neste terrível momento de nossa história. A tendência é que a terceira onda seja ainda pior do que as duas primeiras, mas ainda temos tempo de freá-la.

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