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Opinião Quarta-feira, 07 de Abril de 2021, 11:07 - A | A

Quarta-feira, 07 de Abril de 2021, 11h:07 - A | A

EDITORIAL - 07/04/2021

Meu pirão primeiro

Da Editoria

Apesar de ser a única forma de efetivamente vencer o novo coronavírus, a vacinação no Brasil segue aos trancos e barrancos. Além da escassez de doses, há toda sorte de polêmicas. Em meio a tanto tumulto, Mato Grosso tem sido claramente deixado para trás na distribuição de vacinas, tendo recebido menos doses até agora do que nosso irmão do sul, que tem uma população quase 20% menor do que a nossa. Os dados são do próprio Ministério da Saúde, que até aqui tem justificado o envio de mais doses para o Sul pelo fato de haver mais pessoas dos grupos prioritários.

Fato é que faltam vacinas. E sempre que há falta, há quem queira passar na frente. Os antigos já diziam que “quando a farinha, meu pirão vem primeiro”. E temos visto essa história se repetir inúmeras vezes nos últimos tempos, com todos querendo entrar na fila de prioridade para vacinação. Deste jeito, nosso grupo prioritário tem cerca de 77,2 milhões de pessoas, quase 37% da população brasileira. E, assim, a justificativa de que há mais pessoas do grupo prioritário, dada pelo Ministério da Saúde, acaba sendo relativizada e caindo por terra.

Vejamos o exemplo mais recente disso: apesar de ter uma população menor, Mato Grosso do Sul recebeu mais doses de vacina para as forças de segurança do que nós. Como explicar isso?

Nessa toada, não é de se espantar que muitos governadores e prefeitos tomem a iniciativa de comprar, por conta própria, novas doses de imunizantes. Principalmente após o fiasco da campanha nacional de vacinação em março, quando o governo federal conseguiu entregar menos de 50% das doses previstas para esse mês. Foram apenas 20 milhões das 46 milhões de doses que estavam previstas. Fato que deve se repetir em abril, já que o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já adiantou que prevê o recebimento de apenas 25,5 milhões das 47,3 milhões de doses que estavam planejadas para este mês.

Assim como o Orçamento deste ano, o cronograma de vacinação é apenas um pedaço de papel, sem conexão com o mundo real. Poderia ter sido mais factível se tivéssemos tomado a iniciativa de negociar antecipadamente as doses, ainda no decorrer do ano passado, como fizeram Estados Unidos, Inglaterra e outros países que hoje deslancham na vacinação. Resta agora torcer para que governadores e prefeitos consigam, de fato, importar as vacinas e reforçar o plano nacional de imunização. Caso contrário, continuaremos vivendo sob o flagelo do vírus por um longo tempo.

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