O laudo da Gerência de Perícias em Mortes Violentas elaborado pela Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec) e entregue ao delegado Wagner Bassi, da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), revela que a adolescente autora do disparo precisou entrar no banheiro onde Isabele Guimarães Ramos, 14, estava para realizar o disparo à queima roupa que acertou a cabeça de Isabele.
No laudo, que contém 62 páginas e subsidiará Wagner Bassi na conclusão do inquérito policial, o perito descreve que o que foi notado inicialmente na cena do crime foi uma presença considerável de pessoas no lado de fora da residência, que tinha o acesso permitido por policiais militares e civis.
Outra situação descrita pelos peritos foi uma certa deficiência na preservação do local nos momentos anteriores à chegada da equipe. Isto porque o estojo, supostamente ejetado pela arma de fogo utilizada no evento, teve sua localização descaracterizada, uma vez que fora apresentado em mãos aos investigadores da Polícia Civil e repassados à equipe pericial a seguir
Em seu depoimento, prestado na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoas (DHPP), dois dias após o crime, a adolescente de 14 anos autora do tiro, disse que o disparo aconteceu quando ela foi até o quarto atrás de Isabele para chamá-la, e quando bateu na porta do banheiro, o case (caixa de arma) caiu no chão e ao levantar aconteceu o disparo fatal.
“Eu chamei ela no closet, onde fica os armários, e ela também não respondeu. Quando eu fui bater na porta do banheiro, o case caiu da minha mão. Eu fui pegar ele (o case) com uma mão e a arma com a outra. Aí eu subi eles e quando estava colocando a arma, ela disparou (SIC)”, detalhou a adolescente.
No entanto, essa versão foi desmontada durante o laudo técnico, que revela que a adolescente estava dentro do banheiro e de frente para Isabele, ou seja, a porta estava aberta, a adolescente entrou no banheiro e neste momento aconteceu o disparo a uma curta distância.
“(...) um(a) atirador(a), que este perito não pode identificar, postou-se na região interior do banheiro, na parte esquerda, com a pistola Imbel descrita no corpo desse laudo apontada para a face da vítima, contra a qual efetuou disparo acionando o gatilho, com a arma posicionada a uma altura de 1,44 m do piso e a uma distancia entre 0,20m e 0,30 m da face da vítima”, detalha o laudo.
A versão de um suposto disparo acidental, também foi descaracterizado no laudo, pois a arma questionada somente produz tiro “estando carregada (cartucho de munição inserido na câmara de carregamento do cano), engatilhada” e que a pistola Imbel só produziu o tiro que matou Isabele mediante o acionamento regular do gatilho.
No documento também fica esclarecido que após levar o tiro na cabeça, Isabele teve queda instantânea e não caminhou pela região do banheiro, nem tão pouco realizou movimentação mista como caminhar e rotacionar, tombar e girar; ou que tenha realizando um tombamento.
Os peritos também descrevem que foram encontrados 12 conjuntos de manchas de sangue distribuídos na cena do crime (banheiro).
“Portanto, a posição que melhor se ajusta, tanto à posição específica assumida pelo corpo após a queda quanto ao sentido da produção de manchas de sangue, é aquela com a vítima sobre os pés e com a face voltada para a parte posterior do banheiro (parede lateral esquerda) na área de abertura da porta. Nesse sentido a queda do cadáver deu-se composta por dois lances de movimento: abaixamento; e, em seguida, tombo para o dorso”, descreve o laudo, sobre as gotas de sangue e queda de Isabele na dinâmica do crime.
O delegado Wagner Bassi analisa os laudos recebidos e marcou para a próxima terça-feira (18), o exame de local de crime na casa localizada no Alphaville I. Este deve ser um dos últimos procedimentos solicitados pelo delegado para a conclusão do inquérito sobre a morte de Isabele.
*Nomes dos envolvidos preservados em cumprimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)