As investigações sobre a morte do advogado Renato Gomes Nery, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso (OAB-MT), continuam avançando e nesta sexta-feira, 09 de maio, mais duas pessoas foram presas. São elas os empresários Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bentos, um casal, presos em Primavera do Leste e que teriam desembolsado R$ 150 mil pela morte do advogado. A Polícia aponta que o dinheiro foi dividido entre dois policiais militares e o homem que apertou o gatilho e matou Nery na porta do seu escritório na Avenida Fernando Corrêa da Costa, no dia 05 de julho do ano passado.
Conforme informações obtidas pela reportagem do Estadão Mato Grosso junto ao delegado Bruno Abreu, que está à frente da investigação sobre o caso, o valor desembolsado foi dividido entre os policiais militares Jackson Pereira Barbosa, de Primavera do Leste, e Heron Teixeira Pena Vieira, sargento da Polícia Militar. Além dos dois, Alex Roberto de Queiroz Silva, o caseiro de uma propriedade rural que pertencia a Heron e que efetivamente teria matado Nery, também recebeu sua parcela do pagamento.
O delegado relatou à redação que acredita que o casal desembolsou mais dinheiro para que Nery fosse executado, mas somente R$ 150 mil chegaram de fato aos envolvidos.
A morte de Nery teria tido como motivação uma disputa de terra no município de São Joaquim, no valor de R$ 30 milhões.
À época do crime, Nery foi socorrido na porta do seu escritório, levado com vida e submetido a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas morreu horas após o procedimento médico.
OFFICE CRIME
Nos meses que se seguiram à morte de Nery, diversas fases da Operação Office Crime foram deflagradas para fechar o cerco contra os culpados pela morte do advogado.
Ainda em novembro de 2024, a operação mirou advogados e empresários de Cuiabá e Primavera do Leste. Os empresários alvos dessa operação foram os mesmos presos nesta sexta-feira.
Já em 2025, outra fase da Office Crime realizou o cumprimento de medidas cautelares como parte da investigação sobre o homicídio do advogado Renato Gomes Nery. À época, as diligências foram cumpridas em um escritório de advocacia dos investigados, na capital.
À época das primeiras fase da Office Crime, foram apreendidos R$ 34 mil, diversas barras de ouro e dispositivos eletrônicos, como celulares, computadores e notebooks.
A OUTRA FACE
Talvez um dos capítulos mais surpreendentes do Caso Renato Nery foi a revelação que policiais militares estavam envolvidos na morte do advogado. À época, foi levantado que os envolvidos estariam entre as fileiras das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam). Ao todo, cinco policiais e o caseiro que matou Nery foram alvos da operação Office Crime a Outra Face, que acabou com a prisão dos agentes da Rotam, de Heron e de Alex.
Porém, mais tarde, revelou-se que o envolvimento dos militares da Rotam, que são: Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso, Wailson Alessandro Medeiros Ramos e Wekcerlley Benevides de Oliveira, resumiu-se em tentar dar um fim a arma usada na morte de Nery.
Para isso, os policiais, conforme aponta a DHPP, plantaram a arma em um confronto forjado na região do Contorno Leste, em Cuiabá, dias após a morte de Nery.
Esses policiais foram indiciados pelos crimes de:
- Homicídio com a qualificadora de assegurar a impunidade do crime anterior (com relação à vítima fatal.).
- Homicídio tentado (com relação às outras duas vítimas, sendo uma delas alvejada)
- Porte ilegal de arma de fogo (considerando que essas armas foram transportadas ilegalmente pelos militares).
- Fraude processual (diante da alteração da cena do crime, principalmente pelo encontro dessas duas armas de fogo, dentre as quais uma delas foi comprovada ser a arma usada para matar o advogado Renato Nery).
O ELO
A última fase da Office Crime, o elo resultou na prisão de Jackson Pereira Barbosa, policial militar já afastado por espancar um homem no meio da rua, dias antes da operação ter sido deflagrada. A participação de Jackson também culminou na prisão de outro policial, Ícaro Nathan Santos Ferreira, da inteligência da Rotam e que conseguiu a arma do crime. Ambos foram presos no dia 17 de abril deste ano.
Alguns dias antes da operação, mais uma pessoa envolvida foi presa por envolvimento no crime. Seu nome é Kaster Huttner Garcia e seu envolvimento consistiu em buscar a moto que Jackson usou para ir até o escritório de Nery e matá-lo, para depois fugir.
Ao todo, 11 pessoas já foram presas pelo envolvimento direto e indireto no crime que continua a ser investigado.