O vice-prefeito de Várzea Grande e integrante do Sindicato do Comércio Atacadista Distribuidor de Mato Grosso (Sincad-MT), Sebastião Reis, o Tião da Zaeli (PL), atribui parte da dificuldade em contratar mão de obra no setor ao impacto do programa do Governo Federal, o Bolsa Família. Segundo ele, muitos trabalhadores recusam vagas com carteira assinada para não perder o benefício.
“Oferecemos oportunidade de emprego para várias pessoas, que não querem ter carteira assinada. A partir do momento que eles têm carteira assinada, eles perdem o Bolsa Família. Eles preferem trabalhar de diarista ou fazer bico para não perder o benefício”, afirmou Tião. “Ou seja, é um benefício que poderia ajudar na sociedade, mas que acaba atrapalhando em alguns casos.”
Ele defende que o programa social deveria prever uma carência para permitir a transição do trabalhador ao mercado formal. “A pessoa que tem Bolsa Família poderia ter carência de um ano ou um ano e meio para continuar recebendo o benefício. Porque senão, o setor vai perder ainda mais com isso... está ruim hoje e vai ficar pior”, alertou.
Para Tião, a escolha pelo trabalho informal tem consequências para toda a sociedade. “Quando vai para a diária, vai para o informal para não perder o Bolsa Família, e sem carteira assinada... as consequências disso são a previdência e os impostos que o Governo Federal poderia receber”, disse.
Ele também rebate a crítica comum sobre os salários do setor que são visto como ruins. “O atacado paga melhor que a média, e não paga salário, paga produtividade. E não é por conta do salário, de verdade, as pessoas querem trabalhar com diárias e receber o Bolsa Família.”
Por fim, reforça não ser contra o programa, mas defende que ele seja temporário. “As pessoas têm que ter uma carteira assinada, e a partir da economia melhorar a pessoa tem que seguir a sua vida sem a assistência do Governo. Ela tem que ser por um período, até a pessoa se estabelecer”, concluiu.
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