Contrariando a opinião de grande parte de seus colegas, incluindo aqueles governistas, o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (União), disse não ver interferência do Governo do Estado na eleição da Mesa Diretora. Ele conversou com a imprensa na manhã de quarta-feira, 7 de agosto, quando Max Russi (PSB) foi eleito presidente para o biênio 2025/26.
Botelho sustentou seu posicionamento por várias vezes ao longo da entrevista coletiva. Em todas as oportunidades que foi questionado, o parlamentar disse não ter visto interferência e defendeu a autonomia da Assembleia.
“Eu não sei se teve essa interferência, eu acredito que não teve. Eu, Botelho, nunca sentei com ninguém, com Fábio Garcia, nunca conversei sobre Mesa e com o governador Mauro Mendes, também nunca aceitei nenhuma discussão, nunca sentei com ele pra discutir sobre Mesa”, afirmou.
O presidente também afirmou que costuma aconselhar seus colegas a não permitirem que esses assuntos vazem do Parlamento.
“Eu defendo a independência e os deputados, eu sempre falo para eles ‘discuta aqui dentro. Não deixe essa discussão sair’”, afirmou.
A discussão acerca disso não é para menos. Nos últimos anos, a Assembleia Legislativa realizou eleições da Mesa Diretora apenas para oficializar uma escolha feita previamente, em forma de consenso, com apenas uma chapa e sem disputa.
Assim seria feito novamente este ano. O acordo costurado ainda em 2023 era que a Casa seria comandada por Max Russi na Presidência e Janaina Riva (MDB) na Primeira-Secretaria. Este segundo cargo é o verdadeiro poder, pois 'assina os cheques' do orçamento de cerca de R$ 800 milhões da Assembleia.
Quando tudo parecia certo, o Governo decidiu lançar seu próprio candidato para o cargo, o deputado Beto Dois a Um (União), esfacelando a aliança construída por Janaina. Nos bastidores, o boato indicam que a candidatura de Beto se dá para minar o crescimento político de Janaina, que já anunciou que pretende disputar o Senado em 2026, mesmo cargo almejado pelo governador Mauro Mendes (União).
A manobra deu espaço para que o deputado Dilmar Dal Bosco (União) também anunciasse interesse no cargo. Com o governo no meio, Botelho e o primeiro-secretário Max, agora presidente eleito, preferiram não se envolver e alegaram que os candidatos deveriam fazer suas articulações e que aquele que conseguisse 12 votos, integraria a chapa.
Publicamente, não houve troca de farpas, acusações e nem animosidade. Mesmo assim, a leveza do Parlamento deu lugar a um clima pesado e tenso.
Alguns deputados chegaram a sair em defesa do nome de Janaina e estava tudo dado como certo, com o grupo realizando reuniões noturnas, nas quais o apoio ao seu nome era constantemente reforçado.
Porém, mesmo assim, Janaina anunciou seu recuo da disputa e apresentou o deputado Dr. João (MDB) em seu lugar. O emedebista foi nomeado já como consenso dos deputados, tirando também Dilmar e Beto da disputa. Ao final, Dr. João foi eleito primeiro-secretário e Janaina não compôs a Mesa Diretora.