Os governos estaduais que compraram a vacina Sputnik V estão traçando ações conjuntas para derrubar o parecer da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que negou a importação e uso emergencial do imunizante russo no começo desta semana. Em conversa com jornalistas nesta quinta-feira (29), o governador Mauro Mendes (DEM) revelou que pode haver até mesmo uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir as vacinas.
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Por hora, o consórcio de governadores tenta reverter a decisão da Anvisa pelo aspecto científico. Técnicos dos Estados compradores estão mantendo conversas com o Instituto Gamaleya, que produziu a vacina, e o governo russo para alinhar a documentação e esclarecer todas as pendências apontadas pela Anvisa.
“Ontem [28] nós tivemos uma reunião técnica de todos os estados que fizeram essa aquisição junto com o governo russo, para providenciar toda a documentação”, disse Mauro, detalhando que os técnicos da Anvisa “infelizmente buscaram ali muitos mecanismos [para barrar a importação]”.
Caso a investida técnica não tenha sucesso, os governadores estudam propor uma ação no STF com base na lei federal nº 14.124/2021, que prevê rito diferenciado quando a vacina já tiver sido aprovada por uma das 11 agências reguladoras de referência mundial. Entre elas está o Ministério da Saúde da Rússia e a ANMAT, da Argentina. Os dois países têm a Sputnik V como a principal vacina em uso.
“A lei brasileira diz que, das 11 agências que foram citadas na lei, se uma vacina tiver aprovação em uma delas, seria suficiente para a agência adotar um rito extraordinário de análise célere. Infelizmente não foi adotado”, detalhou.
Mauro ainda comparou a eficácia da vacina russa com a Coronavac e a AstraZeneca, principais imunizantes em uso no país. Ele ressaltou que a Sputnik V tem eficácia maior do que as ‘concorrentes’ e que não há registros de efeitos colaterais graves, ao contrário do que acontece com a AstraZeneca, que teve sua aplicação suspensa em mais de 20 países devido à suspeita de formação de coágulos sanguíneos e trombose.
“A vacina Sputnik apresenta 91% de eficiência, maior do que a Coronavac, maior do que Astrazeneca. A Argentina, aqui próximo de nós, está usando em larga escala essa vacina sem nenhuma notícia de nenhum problema. Já a AstraZeneca a gente escuta todos os dias, quem vacinou com a AstraZeneca, tem uma série de efeitos colaterais. Não tem nada de mortes, mas tem alguns efeitos após a vacina. A Sputnik não tem esses relatos”, pontuou.
Estudo científico sobre a vacina Sputnik, publicado na revista Lancet, aponta a ocorrência de efeitos colaterais ‘leves’, como desconforto no local da injeção, dor de cabeça, cansaço e sintomas gripais leves. Apesar disso, o perfil de segurança da vacina é considerado satisfatório no estudo, que foi revisado por outros cientistas antes de ser publicado.
A vacina russa está sendo usada em mais de 60 países e tem eficácia de 91,6%, conforme os estudos mais recentes.