“O voto impresso institucionaliza a compra de votos”. A afirmação partiu do desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, eleito para a presidência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) nesta terça-feira (27). Em entrevista coletiva, ele fez críticas ao movimento que contesta a segurança das urnas eletrônicas, mas defendeu que sejam feitas mudanças para melhorar a eficácia da Justiça Eleitoral.
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Durante a conversa com jornalistas, Carlos Alberto lembrou que já atuou como juiz eleitoral durante o início de sua carreira e viveu ‘na pele’ a época dos votos impressos. Com base nessa experiência, ele destacou que o sistema antigo era muito propenso aos atos de corrupção eleitoral, devido à dificuldade de garantir a fiscalização da votação.
“Os mais velhos sabem o que era um voto de papel. [...] A fraude era a coisa mais comum e corriqueira, e todos sabiam dessa fraude, só que ninguém fazia nada. Os próprios mesários agiam em prol do seu candidato. Existia um mapa onde você colocava os votos. Nós fomos juízes eleitorais e pegamos essa época ainda”, destacou.
O novo presidente do TRE destacou que o sistema da urna eletrônica é considerado extremamente seguro e fácil de fiscalizar, já que tem poucos pontos de fragilidade durante todo processo eleitoral. Ele destacou que a urna fica desligada da internet durante toda a eleição, sendo conectada apenas ao final, para transmissão dos votos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.
Essa transmissão realizada via internet ainda é feita de forma criptografada, que muda a cada eleição. Além disso, a Justiça Eleitoral promove eventos públicos fora do período eleitoral para ‘desafiar’ os hackers a invadirem o sistema, de forma a expor eventuais vulnerabilidades. “O próprio TSE abre audiências públicas para que as pessoas tentem invadir o sistema, mas ninguém nunca conseguiu”, destacou.
Segundo Carlos Alberto, a discussão sobre uma eventual troca da urna eletrônica pelo voto impresso representa um retrocesso. Ele também avalia que a simples impressão do voto anexo à urna pode facilitar a compra de votos, pois permite a apresentação de um comprovante ao político corrupto.
“É surreal para quem hoje está vendo como é uma urna eletrônica. Não tem mais volta nós não podemos retroagir, nós temos que aprimorar. Aí fala que tem que ter um voto impresso para poder fazer uma auditoria. Agora, o voto impresso, entregar na mão do eleitor, nós vamos institucionalizar a compra de votos. Com o papelzinho, o eleitor vai lá no candidato e fala ‘ó votei no senhor’, ‘tá aqui 100zão’”, concluiu.