A pandemia do novo coronavírus deve afastar os eleitores das urnas eletrônicas no dia 15 de novembro, quando será realizado o primeiro turno das eleições municipais e suplementar ao cargo de senador em Mato Grosso. A avaliação é dos analistas políticos João Edisom e Onofre Ribeiro. O número de abstenção também afeta o resultado, pois o eleito não representa exatamente a vontade da maioria do eleitorado.
O número de abstenções no Estado vem aumentando nos últimos pleitos. Em 2016, quando foi realizada a última eleição municipal, 467.896 eleitores não votaram. O número subiu em 2018, quando ocorreu a eleição geral e 572.083 eleitores deixaram de votar.
João Edisom acredita que, somando com os votos nulos e brancos, o percentual deve ficar na casa de 35%. Por isso, ele acredita que o número de abstenção deve frustrar os resultados de pesquisas.
“Quando o pesquisador vai até a pessoa e pergunta em quem ela vai votar ela fala, mas a pessoa que respondeu na pesquisa vai comparecer no dia para votar? Isso é outro problema”, destacou.
A mesma observação foi feita por Onofre Ribeiro. Em sua avaliação, o número de pessoas que não irão comparecer às urnas será maior, na faixa de 45%.
“Sabemos que os candidatos têm os percentuais X, mas não sabemos quem é o eleitor. Se nós não sabemos quem é o eleitor, não sabemos a disposição que tem para votar ou não. Então, o que diz a lógica, não é pesquisa, é lógico, prognóstico, é que vai ter abstenção na faixa de 45%”, destacou.
Efeito – Os analistas observaram que o número de abstenções, somado aos votos nulos e abstenções, leva a um resultado que não reflete o desejo da maioria.
“Em Mato Grosso, só Cuiabá tem a possibilidade de segundo turno, as outras não têm. Vai ter muitos municípios em que os candidatos serão eleitos na faixa dos 30% ou 35% do total. O prefeito eleito nessas condições já entra lá com a faixa de 70% da população contra ele. De certa forma, isso prejudica o sistema democrático, pois não tem um prefeito que seja desejo da maioria. Perde muito a qualidade”, observou João Edisom.
“Vamos dizer que seja de 45% [abstenção], sobra 55% de votos. Você tem que tirar os nulos, brancos, quem ganha vai ganhar na faixa dos 28% dos votos válidos. Ou seja, não terá muita representatividade. Essa eleição é municipal. Se ela tiver, de modo geral, essa pouca representatividade, isso acelera muito a reforma política para 2022. Fica um sinal de que como era, não dá mais”, ressaltou Onofre.