A ex-deputada federal e vice-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Professora Rosa Neide, escancarou um novo racha no Partido dos Trabalhadores (PT). No final desta tarde de sexta-feira, 17 de novembro, ela divulgou uma carta aberta, na qual explica que não participará da eleição interna no dia 2 de dezembro, na qual o partido definirá seu pré-candidato à Prefeitura de Cuiabá.
No documento, a política também cita que ela e sua linha “Construindo um Novo Brasil (CNB)” não participarão do processo de inscrição e escolha de chapas para delegados no dia 26 de novembro.
Segundo o texto, Rosa Neide e a CNB avaliam que escolher o nome do partido neste momento, há 10 meses do pleito, é prejudicial para o próprio PT e desgastante para o escolhido.
“Me preocupa também mobilizarmos a base de filiadas e filiados ao PT em Cuiabá para uma disputa interna entre nomes, antecedendo ao projeto para a cidade. Isso pode gerar desperdício de energia vital de que necessitamos para a disputa da sociedade cuiabana. Devemos olhar para nossa história partidária e avançar, sempre com unidade, construindo o melhor projeto e buscando escolher o nome, que reúna as melhores condições de unir a Federação Brasil da Esperança e o campo democrático, popular e progressista da nossa cidade, para disputar, vencer e governar”, citou também.
Muito bem redigida, a carta tem tom calmo. Mas, nem por isso, deixa de alfinetar, de forma muito sutil, o diretório do PT Cuiabá. Por mais de uma vez, a ex-deputada classificou como precipitada a decisão local.
E, embora use derivações do termo “democracia” - e sua importância - por cinco vezes no texto, a decisão da vice-presidente da Conab sugere que isso pode não ser uma prática.
A decisão, porém, talvez não coloque Rosa Neide como uma grande vilã autoritária dentro do partido. É possível que a ex-parlamentar já preveja os desgastes que estão por vir.
RACHAS
Em 2010, a então senadora Serys Slhessarenko e o então deputado federal Carlos Abicalil foram os protagonistas no racha estadual. Ela pretendia sair à reeleição, enquanto Abicalil queria disputar o Senado. Ele conseguiu o que queria, mas isso custou as duas cadeiras que o partido tinha: nenhum dos dois conseguiu se eleger.
Dois anos depois, essa briga ressurgiu. Lúdio disputou à Prefeitura de Cuiabá, chegando ao segundo turno contra o hoje governador Mauro Mendes (União Brasil). Serys, por sua vez, soltou aos quatro ventos que não apoiaria a candidatura de seu colega e anunciou voto no adversário. Ainda durante o pleito, a ex-senadora deixou o partido, no qual esteve por mais de 20 anos, e levou consigo um considerável grupo de membros históricos.
Já na eleição de 2014, o partido havia fechado com o então juiz federal Julier Sebastião para ele disputar o Governo do Estado pelo PT. Como combinado, Julier deixou a magistratura, mas ficou “a ver navios”, uma vez que Lúdio passou na frente e se tornou o candidato do partido e ficou em segundo lugar.