O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Max Russi (PSB), defendeu as investigações sobre o possível desvio de emendas parlamentares destinadas à Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf). Em conversa com jornalistas nesta segunda-feira, 16 de junho, Max afirmou que cada parlamentar citado irá apresentar sua defesa e esclarecer os fatos, ressaltando que algumas informações divulgadas não condizem com a realidade. Segundo ele, a Assembleia acompanha o caso institucionalmente e respeita o andamento das investigações.
“Tranquilidade, que as investigações sejam feitas. Muitos deputados aí estão fazendo as suas defesas, acho que os nomes citados vão fazer essas defesas, vão colocar a realidade desse fato, é importante a gente saber a realidade, porque tem algumas informações ali que não condizem com a realidade, que tudo seja apurado”, afirmou Russi.
O presidente também destacou que cada deputado está se posicionando de forma individual e que cabe a eles esclarecer suas ações. “Cada deputado de forma pontual tem colocado isso. Alguns discordando da forma que foi colocado. Eu acho que é isso, e cada um que pode fazer a sua fala, a sua defesa, procurar o seu encaminhamento. A Assembleia, enquanto instituição, vai acompanhar e esperar que a investigação seja feita”.
Ao ser questionado sobre a fiscalização das emendas parlamentares, Russi ressaltou que o Estado é o principal responsável pelo controle da execução dos recursos, e que há diversos órgãos atuando nesse processo. “Primeiro são vários fatores. Quem libera, quem fiscaliza, quem acompanha é o Estado. Aí nós temos os outros órgãos que fazem o acompanhamento, Tribunal de Contas, Ministério Público, Polícia Civil, enfim, todos os órgãos.”
Segundo ele, o papel do deputado é indicar a emenda, mas todo o trâmite técnico, execução e prestação de contas ficam sob responsabilidade das secretarias e órgãos de controle e que, caso confirmadas as irregularidades, o processo deverá tramitar dentro dos ritos legais, com o devido ressarcimento.
Sobre o instituto envolvido na denúncia, o presidente da ALMT afirmou que não conhece a entidade e que não se deve generalizar casos pontuais para todas as organizações. “Eu particularmente não conheço esse instituto. Nós temos em Mato Grosso 13.000 institutos. Eu conheço alguns. Fazem um bom trabalho, trabalho sério. A gente não pode condenar todo o setor por alguma ação pontual”.
Max finalizou dizendo que não enxerga a necessidade de fazer recomendação a deputados sobre qual instituto deverá ser destinado as emendas, inclusive o que está sob investigação.
“Não vou fazer recomendação nenhuma. Os deputados são todos de maiores, sabe como encaminhar as suas emendas e aonde vão encaminhar. Acredito eu que particularmente nenhum vai encaminhar. Agora se algum resolver encaminhar é uma decisão pessoal dele. A emenda impositiva é do deputado e ele responde por ela, não a Assembleia Legislativa”, concluiu.
Entenda o caso
A Polícia Civil identificou um esquema criminoso que pode ter gerado prejuízos de até R$ 28 milhões aos cofres públicos por meio do desvio de recursos de emendas parlamentares. A Operação Suserano foi deflagrada em setembro de 2024 e aponta o envolvimento de 14 deputados e 2 ex-deputados estaduais, entre os envolvidos está Eduardo Botelho (União), Gilberto Cattani (PL), Júlio Campos (União), Juca do Guaraná (MDB) e outros. O dinheiro teria sido desviado por meio da compra de kits agrícolas. A notícia foi publicada pela Uol na manhã desta segunda-feira, 16 de junho.
Eles são citados como suspeitos nos esquemas após um sócio oculto, Alessandro do Nascimento, ser o beneficiado com as 14 emendas parlamentares. Ele é socio em diversas empresas que receberam as emendas dos deputados da Assembleia Legislativa (ALMT). Após essas descobertas, a delegada Juliana Rado encaminhou o inquérito à Polícia Federal.
Os parlamentares foram os autores de emendas que resultaram em 24 termos de fomento assinados pela Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) com o Instituto de Natureza e Turismo - Pronatur para fornecer kits agrícolas comprados com sobrepreço de R$ 10,2 milhões, segundo a investigação.
- José Eduardo Botelho (União), que na época era presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT);
- Juca do Guaraná (MDB);
- Cláudio Ferreira (PL), atual prefeito de Rondonópolis;
- Doutor João José (MDB);
- Alan Kardec (PSB), atual secretário de Ciência e Tecnologia da Informação;
- Gilberto Cattani (PL);
- Fabio Tardin (PSB);
- Julio Campos (União), ex-governador do estado;
- Diego Guimarães (Republicanos);
- Faissal Calil (PL);
- Ondanir Bortolini (PSD);
- Dr. Eugênio (PSB);
- Wilson Santos (PSD);
- Thiago Silva (MDB);
- Dilmar Dal Bosco (União)
- Carlos Avalone (PSDB)
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