Em um discurso marcado por gratidão, desabafo e denúncia, o jornalista Luiz Gonzaga Neto anunciou nesta quinta-feira, 3 de julho, sua saída do cargo e lançou duras críticas contra uma “minoria barulhenta” dentro da Casa. Sem citar nomes, ele revelou bastidores de uma suposta conspiração interna e denunciou que alguns vereadores adotam comportamentos antiéticos.
“Cansei de ter que lidar com gente que falta com a verdade, que é capaz de qualquer coisa em benefício próprio, não importa se isso vai atingir outras pessoas e faz isso, mesmo sob uma proteção divina ou sob a transparência de um vidro”, disparou.
O pronunciamento ocorreu durante sessão plenária e, apesar do tom cordial no início, o jornalista deixou claro que sua saída foi motivada pelo desgaste com membros da própria Câmara. Ele agradeceu à presidente Paula Calil (PL) e à vereadora Katiuscia Mantelli (PSB) por terem confiado em seu trabalho, mas lamentou a resistência de certos parlamentares à transparência e à comunicação pública responsável.
“Tentei de todas as maneiras mostrar para o povo cuiabano a importância que a Câmara Municipal tem para a cidade, mostrar que aqui se trabalha muito. E honestamente eu perdi a vontade de tentar colaborar, de tentar contribuir com quem não quer ajuda. Pior, quem acha que nem precisa”, afirmou.
Durante os seis meses à frente da Secom, Gonzaga destacou que, mesmo sem verba para mídia — devido ao cancelamento de uma licitação na gestão anterior —, sua equipe conseguiu entregar mais de 860 matérias institucionais, melhorar o relacionamento com a imprensa externa e blindar a Câmara diante de crises, como a operação policial que afastou dois vereadores.
“Quando você tem credibilidade, a sua apuração ganha valor, não tem preço, tem valor. E isso o dinheiro não compra — até porque, repito, nem dinheiro a gente tem aqui na Câmara”, pontuou.
Gonzaga também afirmou que a nova licitação para contratação de mídia já foi destravada pela atual gestão e que 11 agências apresentaram propostas.
Em tom mais incisivo, ele destacou que a maior parte dos vereadores quer trabalhar, mas é prejudicada por uma minoria “barulhenta” que age contra os princípios da ética e da verdade.
“[...] não adianta tentar explicar para quem não quer entender. O problema não vem de fora, vem de dentro para fora. E é importante ressaltar, não é a maioria, tá? É uma minoria, uma minoria mesmo que é assim. A maioria quer trabalhar muito”, declarou.
Gonzaga encerrou sua fala com um recado à presidente da Casa e a quem chega:
“Pode publicar a minha exoneração. A partir de agora, não respondo mais pela Secom da Câmara. Estarei na Câmara na condição de imprensa, de repórter. Vou voltar a fazer perguntas como eu sempre fiz a vida toda. Desejo boa sorte a quem fica e a quem vem. Vocês vão precisar. A Câmara é muito exigente e é muito maior do que qualquer um de nós”.