Familiares, amigos e fãs estiveram na tarde desta segunda-feira (16) no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, para se despedirem de Bira Presidente, fundador do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal, que morreu aos 88 anos na noite do último sábado (14), no Rio de Janeiro.
Bira estava em tratamento de um câncer de próstata e tinha Alzheimer.
O velório teve início às 14h e contou com nomes importantes da música brasileira, que prestaram sua última homenagem ao mestre Bira. O corpo do músico foi enterrado por volta das 17h.
Entre os nomes do samba, estiveram no velório Jorge Aragão, Dudu Nobre, Neguinho da Beija-Flor, Jorge Perlingeiro, Viviane Araújo e Teresa Cristina.
"Ele era uma pessoa muito simples, mas com um conhecimento gigante. A gente é um país com uma memória muito fraca. Meu medo é que com essas pessoas indo embora, foi embora Nelson Sargento, Monarco, agora o Bira. A gente tem que olhar para traz e ver o que essas pessoas fizeram. Esse tipo de conhecimento não pode ir embora. O Bira ensinou muita gente", comentou Teresa Cristina.
Na tarde de domingo (15), moradores de Ramos, admiradores do Cacique de Ramos e componentes do bloco estiveram na quadra do bloco em Olaria, na Zona Norte do Rio, para homenagear o artista. Vários artistas importantes da música brasileira, instituições e políticos também prestaram homenagens em suas redes sociais.
Além de fundar o Cacique, um dos blocos de carnaval e centro cultural mais importantes do Rio, Bira, que era percussionista, cantor e compositor, ajudou a transformar as rodas de samba do subúrbio carioca em um movimento musical que revolucionou o samba tradicional.
Perfil
Ubirajara Félix do Nascimento nasceu no dia 23 de março de 1937, no Rio de Janeiro, e em sua carreira ficou marcado como uma das grandes personalidades do samba no Brasil.
Filho de Domingos Félix do Nascimento e Conceição de Souza Nascimento, Bira cresceu no bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio. Desde cedo, foi envolvido pelo universo do samba e do choro, frequentando rodas com figuras lendárias como Pixinguinha, João da Baiana e Donga.
Sua mãe, uma mãe de santo da Umbanda, também influenciou a espiritualidade e a musicalidade das festas familiares, que misturavam rituais e samba.
Aos sete anos, teve seu "batismo no samba" na Estação Primeira de Mangueira, escola que sempre considerou sua de coração.
Cacique de Ramos
Em 20 de janeiro de 1961, Bira fundou, junto com amigos e familiares, o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, bloco carnavalesco que se tornaria um dos maiores centros culturais do samba no Brasil.
O Cacique nasceu da fusão de pequenos blocos do bairro de Ramos e rapidamente se destacou pelas rodas de samba que promovia em sua sede, apelidada de “Doce Refúgio”.
Com desfiles no próprio bairro de Ramos e no Centro do Rio de Janeiro, o grupo, que incluía Bira e seu irmão Ubirany, se tornou um dos blocos de carnaval mais importantes da cidade.
Bira foi o primeiro e único presidente da agremiação até sua morte, sendo conhecido como “o próprio Cacique".