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Brasil Quinta-feira, 03 de Julho de 2025, 20:09 - A | A

Quinta-feira, 03 de Julho de 2025, 20h:09 - A | A

OPERAÇÃO ASFIXIA

Governo Federal destrói estruturas do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami

Operação Asfixia destrói pistas e acampamentos do garimpo em áreas críticas da TIY

Agência Gov | Via Casa Civil

Após avançar sobre rotas de abastecimento e centros logísticos do garimpo ilegal em Roraima, a Operação Asfixia concentrou, entre os dias 9 e 29 de junho, ações no interior da Terra Indígena Yanomami (TIY).

Coordenada pela Casa de Governo da Presidência da República, a operação mobilizou equipes da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Judiciária (PJ), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A base de operações foi instalada na pista do garimpo do Rangel, de onde partiram as ações aéreas, fluviais e terrestres em toda a região do Rangel, enquanto o Comando Conjunto Catrimani II atuou de forma contínua no rio Uraricoera, com patrulhamento fluvial e destruição de estruturas ilegais. Durante esse período, foram inutilizadas duas pistas clandestinas estratégicas, Mukuin e Noronha, ambas utilizadas como pontos de apoio logístico do garimpo na Terra Indígena Yanomami (TIY). Também foi realizado o bloqueio do rio Couto Magalhães, com o objetivo de interromper uma das principais rotas de abastecimento fluvial utilizadas pelos invasores.

Na região do garimpo do Rangel, as equipes realizaram uma ofensiva direta contra a infraestrutura que sustentava os últimos focos de garimpo na floresta. Foram fiscalizados 80 alvos, sendo 48 planejados previamente pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) e outros 32 identificados em campo. As ações contaram com mais de 220 horas de voo de aeronaves de asa fixa e rotativa, operadas pelo Comando Conjunto Catrimani 2, Funai e PRF, ampliando o alcance das forças sobre áreas remotas.

Na região, entre os dias 9 e 29 de junho, foram destruídos:

• 14 acampamentos
• 67 barracos
• 12 cozinhas
• 6 geradores
• 1 embarcação
• 1 motor de embarcação
• 3 bombas d’água
• 2 quadriciclos
• 1 motosserra
• 4 eletrodomésticos
• 9 placas solares
• 12 motores diversos
• 1.500 metros de mangueiras e cordas
• 1.280 metros de fiação elétrica
• 5 caixas separadoras de minério
• 630 quilos de alimentos
• 44 litros de bebidas alcoólicas
• 2 reboques de quadriciclo

Entre os materiais apreendidos, foram contabilizados:

• 410 litros de combustível
• 15 gramas de ouro
• 600 gramas de mercúrio
• 29 unidades de cianeto
• 5 antenas Starlink
• 13 rádios e baterias
• 11 baterias automotivas e carregadores
• 1 arma de fogo
• 118 munições de calibre .40, .20 e .16

Ao todo, mais de 100 estruturas foram destruídas e aproximadamente 4 mil litros de combustível foram retirados de circulação durante a ofensiva.

Durante esse mesmo período da Operação Asfixia, a Força Aérea Brasileira (FAB), no contexto da ZIDA 41, interceptou, no dia 23 de junho, uma aeronave que sobrevoava a TIY sem plano de voo. A ação foi realizada por um A-29 Super Tucano do Sexto Esquadrão de Aviação de Caça (6º GAVCA), como parte da Operação Ostium, sob coordenação do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE).

O piloto não respondeu às comunicações da defesa aérea e realizou um pouso forçado em área de mata fechada, numa tentativa de evasão. No interior da aeronave, foi encontrada uma carga de cassiterita extraída ilegalmente da TIY. O piloto foi localizado, resgatado e entregue à Polícia Federal (PF).

Com essa ocorrência, já são duas aeronaves neutralizadas durante a Operação Asfixia. A outra foi destruída pelo Comando Conjunto Catrimani II durante uma operação realizada na pista do Noronha, também localizada dentro da TIY.

Segundo avaliação da área de inteligência do Censipam, a destruição de duas aeronaves, somada à presença operacional intensa na região, afetou drasticamente a logística aérea do garimpo ilegal, especialmente os voos que partiam da região da Vila Samaúma.

Fora da terra indígena, a ANAC intensificou as fiscalizações em pistas e aeródromos suspeitos nas vilas de Samaúma e Campos Novos, onde há indícios de suporte logístico ao garimpo. A atuação, que ocorre fora dos limites da TIY, resultou na inspeção de 33 aeronaves e em vistorias em pistas não homologadas, muitas com sinais de uso recente ou tentativas de reativação.

O cenário nas comunidades próximas também reflete os efeitos da operação. Em Samaúma e Campos Novos, moradores passaram a demonstrar insatisfação com o garimpo e têm colaborado com informações às forças de segurança sobre rotas, armazenamento de insumos e movimentações clandestinas.

Na mesma linha de combate à logística do garimpo, uma operação conjunta do Ibama e da PRF, em Boa Vista, apreendeu 3.080 litros de combustível armazenados ilegalmente no bairro Pedra Pintada. A ação teve caráter preventivo e repressivo, visando impedir que o combustível chegasse até as áreas de garimpo por vias aéreas, terrestres e fluviais.

Em outra ação, equipes da ANTT e da FNSP realizaram fiscalização na Vicinal 06, entre Roxinho e Campos Novos, no dia 29 de junho. Durante a operação, foram feitas abordagens a veículos suspeitos, incluindo o flagrante de um automóvel transportando 1.078 litros de diesel e 60 litros de gasolina comum de forma irregular, além de alimentos armazenados no mesmo compartimento.

A FNSP também manteve barreiras policiais fixas em pontos estratégicos da Vicinal 02, em Samaúma, e em outras rotas críticas. As equipes atuam de forma contínua com apoio de drones, ampliando a vigilância e dificultando a mobilidade dos operadores ilegais.

Ainda durante o mesmo período, as forças armadas da Venezuela destruíram sete aviões e um helicóptero numa pista clandestina na região do garimpo Taboca, no território venezuelano, próximo à fronteira com o Brasil. A operação inutilizou também sete mil litros de combustível e cinco acampamentos.

A ação repercutiu diretamente entre os garimpeiros que atuam na fronteira e reforçou o cerco à atividade ilegal na floresta contínua que liga os dois países.

“A Operação Asfixia cumpriu seu papel ao desmontar a estrutura logística do garimpo. Mas a nossa missão continua: manter a pressão, impedir o retorno dos invasores e garantir a preservação do território Yanomami”, avaliou o diretor da Casa de Governo, Nilton Tubino.

Para a Casa de Governo, os resultados confirmam que ações com presença permanente são as que geram maior impacto, tanto na produção de inteligência quanto na efetividade operacional das forças em campo.

Com a conclusão da operação, os órgãos envolvidos já preparam novas fases de combate, com foco no uso de tecnologia de monitoramento, repressão financeira às redes criminosas e presença permanente em pontos estratégicos. A expectativa é consolidar de forma definitiva a desintrusão da TIY, mantendo as áreas livres de qualquer reocupação garimpeira.

Cuiabá MT, 04 de Julho de 2025