Cuiabá, 04 de Outubro de 2024
Icon search

CUIABÁ

Brasil Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 2021, 17:15 - A | A

Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 2021, 17h:15 - A | A

IDOSA NÃO RECEBEU DOSE

MPGO ouve enfermeira suspeita de burlar vacinação em Goiânia

Galtiery Rodrigues | Metrópoles

Um procedimento de investigação foi instaurado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) para apurar as circunstâncias da suspeita de vacinação falsa que ocorreu com uma idosa de 88 anos, nessa quarta-feira (10/2), em Goiânia. A enfermeira que aparece no vídeo aplicando a seringa, mas que não teria injetado o líquido da vacina, será ouvida nesta sexta-feira (12/2) pela promotora Marlene Nunes Bueno.

Ao fazer o registro em vídeo da vacinação da mãe, Floremy de Oliveira Jordão, a filha Luciana Maria Jordão, de 57 anos, percebeu, além da rapidez da enfermeira, que o líquido continuava na seringa. Só ao questionar e pressionar a enfermeira, que, a princípio, desconversou, mas depois pediu desculpas, ela conseguiu que a mãe fosse, enfim, vacinada contra a Covid-19 e recebesse a primeira dose da Coronavac.

“Pretendemos ouvir amanhã (sexta-feira) todas as pessoas envolvidas: a filha da idosa, a profissional de enfermagem, a coordenadora dos trabalhos do local de vacinação e a superintendente da Secretaria Municipal de Saúde”, informa a promotora.

Será solicitada, ainda, uma perícia nas imagens registradas, e o MPGO fará uma inspeção nos locais de vacinação para observar os padrões adotados. A intenção é verificar como se dá o fluxo do processo de vacinação, desde a distribuição das doses até a aplicação.

O caso chegou à promotoria pelas redes sociais. Não houve uma denúncia formal, mas, pelo conteúdo do vídeo, a promotora pôde avaliar a gravidade dos elementos e decidiu instaurar o procedimento.

“Neste momento, é muito importante trabalhar rapidamente, para que situações como essa não se repitam. Ainda não podemos afirmar o que houve, se estamos diante de uma situação criminosa ou de um erro, mas o inquérito no dará essa resposta”, diz Marlene.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia identificou a profissional e a afastou dos trabalhos da campanha de vacinação. A capital começou a vacinar os idosos acamados e acima de 85 anos esta semana. Até então, mais de 4,3 mil pessoas desse perfil já foram vacinadas.

Imputação

Confirmada a conduta da profissional de Saúde, a promotora esclarece que ela pode, sim, responder por crime e que tudo vai depender do esclarecimento sobre o objetivo dela ao deixar de vacinar a idosa.

No vídeo, ela chega a pedir para que Floremy vire o rosto para o outro lado, alegando que seria por causa da agulha. Questionada se isso poderia indicar certa premeditação, a promotora diz que tudo será perguntado à enfermeira.

Marlene entende que é importante filmar, registrar e checar o momento da vacinação, diante do contexto. “É para que as pessoas fiquem mais tranquilas e, por isso, há necessidade de um procedimento padrão rigoroso. Não estou dizendo que não é o que está acontecendo (em Goiânia), mas quero checar”, diz.

No caso de Floremy, o vídeo foi importante para corroborar a versão da filha Luciana. “Ela simplesmente enfiou a agulha na minha mãe, tirou e ficou com a seringa para cima. Eu falei: ‘Uai, foi muito rápido’. No que eu olhei para cima, o líquido estava todinho na seringa. Ela não injetou a vacina na minha mãe. Aí eu falei com ela: ‘Olha, o líquido está todinho aí. Você não vacinou minha mãe’”, relata.

 

Cuiabá MT, 04 de Outubro de 2024