Uma quadrilha de dez pessoas é alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Civil de Santa Catarina, nesta quinta-feira (23), em uma série de endereços em São Paulo por aplicar golpes do falso leilão. A investigação indica que o grupo movimentou ao menos R$ 18 milhões em suas contas no período de um ano e oito meses.
Segundo a Polícia Civil de SC, os criminosos criavam as páginas falsas e leiloavam carros que não estavam disponíveis. Pelo menos três sites foram usados no esquema.
O Ministério Público pediu a prisão preventiva de quatro dos dez suspeitos de integrarem a quadrilha, o que a Justiça não acatou por entender que as buscas e apreensões eram suficientes neste momento.
Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em endereços nas cidades de São Paulo, Santo André e Itapecerica da Serra contra veículos, celulares e notebooks dos suspeitos.
Em um dos sites usados pela quadrilha, o leiloesmgl.com/br/ (que segue ativo), um veículo Volkswagem modelo Jetta R-line 250, cujo preço na tabela Fipe é estimado em R$ 118 mil, era vendido pelo lance inicial de R$ 52 mil.
Um Renegade Sport 1.8, estimado em R$ 86 mil pela tabela Fipe, tinha lance inicial em R$ 31,2 mil. Já uma Mercedes Classe C 180 podia ser arrematada por R$ 54,6 mil, apesar de seu preço real médio ser de R$ 161 mil.
A maior parte dos veículos leiloados apareciam como disponíveis em Minas Gerais e com IPVA grátis.
Uma das vítimas fez dois depósitos no mesmo dia para um dos criminosos presos, que totalizavam quase R$ 60 mil. Na sequência, o valor foi pulverizado em contas de diferentes pessoas -- entre elas estava a conta da irmã de outro integrante do esquema.
A Justiça de Santa Catarina entendeu que o modus operandi da quadrilha neste caso, replicado em outros golpes, é compatível com a prática de lavagem de dinheiro.
Os advogados Reinalds Klemps, Rebecca Sartori e Cláudio Salgado, que representam quatro dos integrantes do grupo alvo da operação, alegam que é cedo para "manifestações mais firmes".
"O que chegou ao conhecimento da nossa banca defensiva e que nossos clientes são apenas meros investigados e nada mais do que isso. Não existe mandado prisão justamente por indícios fracos de autoria. Acreditamos que tão logo seja possível o caso será esclarecido e aguardamos a conclusão das investigações", alegam em nota.
Como identificar se um leilão é real
A pessoa que se interessar por participar de leilões deve verificar se o site é real ou falso antes de fazer lances e evitar prejuízos.
Leiloeiros devem ter inscrição nas juntas comerciais dos estados, onde é possível acessar o site e fazer uma busca.
Em Santa Catarina, por exemplo, há uma página no site da Jucesc (clique aqui) que mostra a lista de leiloeiros cadastrados por antiguidade e por cidade.
Já em São Paulo é possível entrar no site da Jucesp e buscar os leiloeiros na aba "Tradutores e leiloeiros" em uma relação que fica disponível para todos os cidadãos.
Há também leilões oficiais realizados pela Receita Federal e também pelos Correios. Nestes casos, tanto pessoas físicas quanto jurídicas podem dar lances em lotes inteiros, não em itens sozinhos.
Os interessados devem se cadastrar na plataforma Licitações-e do Banco do Brasil e, no caso da Receita, acessar o Sistema de Leilão Eletrônico, por meio do Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC).
As pessoas físicas devem ter selo de confiabilidade Prata ou Ouro no sistema de identidade digital do Governo Federal, enquanto o responsável ou procurador das pessoas jurídicas interessadas precisam do mesmo selo de confiabilidade Prata ou Ouro.