No cenário científico de 2025, uma nova descoberta veio à tona a partir de um estudo divulgado em Paris, durante o 41º Encontro Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.
Pesquisadores revelaram a presença de microplásticos em amostras de sêmen humano e fluido folicular, o que levantou preocupações quanto ao impacto dessas partículas no sistema reprodutivo. O estudo foi publicado na última terça-feira (1º), no jornal Human Reproduction, e seu conteúdo destaca a abrangência da contaminação por microplásticos em ambientes internos do corpo humano.
Os dados apresentados mostraram que 69% das amostras de fluido folicular e 55% das amostras de sêmen analisadas continham microplásticos. O fluido folicular é responsável por envolver o óvulo no interior do folículo ovariano, desempenhando papel fundamental no processo de fertilização.
A descoberta sugere que a poluição por plásticos já atingiu níveis que afetam não apenas o meio ambiente e alimentos, mas também os tecidos internos dos seres humanos, inclusive em áreas diretamente ligadas à reprodução.
O estudo utilizou métodos laboratoriais avançados para rastrear e analisar a presença de microplásticos nas amostras coletadas. As partículas, que medem menos de cinco milímetros, foram isoladas a partir de fluidos obtidos de voluntários durante procedimentos de rotina em clínicas de reprodução.
Os cientistas empregaram espectroscopia e técnicas de microscopia para diferenciar os fragmentos plásticos de outras partículas presentes naturalmente no corpo humano.As análises permitiram não apenas determinar a quantidade, mas também identificar diferentes tipos de polímeros presentes nas amostras, como polietileno, polipropileno e poliestireno. O cuidado no procedimento se justifica pelo risco de contaminações externas, que poderiam influenciar os resultados.
Ainda assim, os pesquisadores ressaltaram a necessidade de validar essas observações em estudos futuros, especialmente porque o estudo divulgado está em formato de abstract, um resumo breve e ainda sem revisão por pares.Ainda não há consenso científico sobre os impactos diretos que a presença de microplásticos pode ter na fertilidade masculina e feminina.
O que se observa é um potencial risco para o desenvolvimento embrionário, além de consequências para a saúde dos gametas, espermatozoides e óvulos. Pesquisadores levantam hipóteses de que partículas plásticas possam interferir na qualidade celular, capacidade de fecundação e até mesmo aumentar o risco de abortos espontâneos.
Por mais que o estudo ainda não tenha sido revisado por pares, o debate acerca dos microplásticos no organismo humano ganha força, motivando novas pesquisas para esclarecer a extensão dos riscos e mecanismos de ação dessas partículas. Esse novo dado ressalta a importância de combinar ciência, políticas públicas e conscientização social no combate à poluição por microplásticos, um desafio contemporâneo para a saúde coletiva.