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Economia Quinta-feira, 20 de Maio de 2021, 10:26 - A | A

Quinta-feira, 20 de Maio de 2021, 10h:26 - A | A

FACA DE DOIS GUMES

Brasil lucra com recuo de governo argentino

A suspensão das exportações de carnes da Argentina, determinada pelo governo daquele país no início desta semana, pode ser uma ‘faca de dois gumes’ para o Brasil. Do lado positivo, a cadeia nacional da carne poderá aumentar seus volumes de exportação para países como a China, principal cliente da Argentina e também do Brasil. Por outro lado, o aumento do volume de exportações pode desfavorecer a população brasileira, que deve se deparar, nos próximos dias, com novas altas nos preços da carne bovina e elevação na inflação dos alimentos.

Ao decidir pelo fechamento do mercado externo, o governo argentino tenta conter a inflação da proteína no país. O prazo inicial para a suspensão é de 30 dias.

“O preço da carne subiu 65%, o que contribuiu para a tomada dessa decisão. Isso deitou os frigoríficos e produtores argentinos insatisfeitos e, como já sabemos, isso é um desestimulo para cadeia de lá, com menos investimentos em melhoramento animal e tecnologia”, pondera Luciano Vacari, da consultoria Neo Agro.

Sem a carne argentina na praça, países como o Brasil podem ‘faturar’ com o espaço deixado por aquele país, que é considerado uma das referências mundiais no setor. Hoje, os principais clientes da Argentina são China (75%), Chile, Israel, Alemanha e Estados Unidos.
“O Brasil tem capacidade instalada para atender esta lacuna. Assim como os argentinos, produzimos com qualidade e uma das carnes mais competitivas do mundo. O mercado internacional se organiza conforme a demanda. Se tem quem precisa comprar, haverá fornecedores para atender. O mercado é assim. Enquanto um está em dificuldade, outros ganham oportunidades”, explicou Vacari.

No ano passado, a Argentina exportou 616 mil toneladas, de acordo com o Instituto de Promoción de la Carne Vacuna Argentina (IPCVA). O volume equivale a 36% do total embarcado pelo Brasil, que foi de 1,7 milhão de toneladas, segundo dados do Comex Stat, portal do Ministério da Economia.

Independente de prazo, a oportunidade criada pelo bloqueio argentino, agregada à alta desvalorização do real, fará com que frigoríficos e produtores brasileiros ganhem mais exportando do que vendendo internamente.

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