A crescente polêmica em torno do cuidado com bonecos realistas, conhecidos como bebês reborns levanta preocupação não só em Mato Grosso, como também em todo o país. Com a alta incidência de posturas comportamentais por parte dos cidadãos em querer que um elemento sem vida tenha os mesmos direitos de uma pessoa, o deputado estadual Wilson Santos (PSD) apresentou um projeto de lei, na última quarta-feira (21), em sessão plenária, para instituir um Programa de Atenção à Saúde Mental para pessoas que manifestam vínculos afetivos com o objeto inanimado.
“Estamos vendo vídeos nas redes sociais e reportagens sobre pessoas que possuem esses bonecos e os tratam como crianças reais — montando enxovais, levando a parques, buscando atendimento médico e até solicitando emissão de documentos como certidão de nascimento, Registro Geral (RG) e carteira de vacinação. Toda essa febre gera preocupação, sejam por críticas ou acolhimento de quem busca viver a maternidade ou paternidade, mesmo que simbolicamente. Precisamos oferecer apoio psicológico, pois essas posturas podem estar relacionadas a perdas, frustrações ou quadros psiquiátricos”, explicou o parlamentar.
O projeto propõe a proibição de atendimentos clínicos, ambulatoriais ou hospitalares a bonecos “reborn” nas unidades de saúde públicas ou conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Por outro lado, a criação de um Programa de Saúde Mental visa identificar e acolher essas pessoas, oferecendo diagnóstico psicológico e psiquiátrico, tratamento terapêutico, acompanhamento psicossocial e a prevenção do uso inadequado da rede pública em situações que envolvam confusão entre o simbólico e o real.
Embora os bebês reborn tenham conquistado admiradores em diversas partes do mundo, sendo usados como recurso terapêutico, objetos de colecionismo ou expressão simbólica de maternidade, o fenômeno também desperta debates sobre os limites entre fantasia e realidade. Nesse contexto, a proposta apresentada por Wilson Santos reforça a importância de olhar para esse comportamento com responsabilidade, oferecendo apoio psicológico às pessoas envolvidas, sem desconsiderar a complexidade emocional por trás dessa relação com o objeto inanimado.