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Judiciário Quarta-feira, 14 de Maio de 2025, 11:23 - A | A

Quarta-feira, 14 de Maio de 2025, 11h:23 - A | A

ALVO DA RAGNATELA

Juiz concede prisão domiciliar para réu acusado de lavar dinheiro para facção criminosa

Magistrado pontuou que sistema carcerário não está atendendo às necessidades de saúde do réu

Da Redação

O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra converteu a prisão preventiva de William Aparecido da Costa Pereira em prisão domiciliar. William é um dos alvos da Operação Ragnatela, realizada pela Ficco/MT (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso), que apura lavagem de dinheiro de uma facção criminosa com uso de casas noturnas em Cuiabá. A decisão foi proferida nessa segunda-feira (12.05).

Consta no documento que a defesa de William já havia pleiteado a conversão da preventiva em domiciliar, já que o réu precisava ser submetido a uma cirurgia de transplante de córneas. No entanto, os primeiros pedidos foram negados. William realizou a cirurgia e precisava ser acompanhado por um especialista, o que não estaria ocorrendo.

De acordo com a defesa do réu, William não foi encaminhado para consultas após a cirurgia. A falta de acompanhamento, em tese, poderia levar a rejeição do transplante ou até mesmo provocar cegueira no paciente. O juiz chegou a intimar a Penitenciária Central do Estado (PCE) e a Secretaria-Adjunta de Administração Penitenciária, mas não obteve retorno.

“As informações trazidas aos autos pela defesa, corroboradas pela declaração, indicam que o réu deixou de comparecer a quatro consultas pós-cirúrgicas agendadas para as datas [...]. Essa falha reiterada na condução do preso para o tratamento médico essencial demonstra, na prática, a incapacidade do sistema prisional em garantir o direito fundamental à saúde”, diz.

Por outro lado, o juiz determinou que a prisão domiciliar deve ser mantida apenas pelo período “imprescindível ao restabelecimento de sua saúde”. Além disso, os fundamentos que levaram a decretação de sua prisão preventiva, como risco de continuidade delitiva e a garantia da ordem pública estão mantidas.

O juiz deu 5 dias para que a defesa do réu indicar a estimativa de dias necessários ao tratamento. Ademais, ele terá que ficar recolhido 24 horas por dia em casa e só poderá sair para o comparecimento a consultas médicas, exames e procedimentos médicos. Ele ainda terá que avisar ao juízo sobre a saída com 48 horas de antecedência.

William também será monitorado por tornozeleira eletrônica e está proibido de manter contato com os demais denunciados da ação penal que responde.

“Ante o exposto, com fundamento no artigo 318, II, do Código de Processo Penal, e considerando a situação excepcional de saúde do réu e a ineficácia do sistema prisional em garantir o tratamento médico necessário, SUBSTITUO a prisão preventiva de WILLIAN APARECIDO DA COSTA PEREIRA por prisão domiciliar apenas pelo período imprescindível ao restabelecimento de sua saúde”, diz a decisão.

OPERAÇÃO RAGNATELA

A Operação Ragnatela foi deflagrada em julho do ano passado pela Polícia Federal e teve como alvo a aquisição de casas noturnas em Cuiabá para suposta prática de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, por meio da realização de shows nacionais.

Cuiabá MT, 14 de Maio de 2025