A Polícia Federal pediu a quebra do sigilo bancário de quatro pessoas ligadas ao suposto caixa 2 da campanha eleitoral do então candidato ao Governo do Estado Pedro Taques em 2014. Neste ano, ele é pré-candidato ao Senado pelo Solidariedade. A investigação parte da delação premiada do empresário Allan Malouf, que relatou o esquema ao Ministério Público Federal (MPF).
A representação da PF foi encaminhada à 51ª Zona Eleitoral de Cuiabá, onde tramitam os processos de crimes comuns conexos a crimes eleitorais na quarta (23). A PF quer informações sobre as contas bancárias de Claudio Pereira da Silva, Gustavo Vandoni da Silva Pereira, Odenil da Silva Mello e Jose de Neves Gontijo entre 1ª de dezembro de 2014 e 28 de fevereiro de 2015.
O objetivo é identificar a origem de valores recebidos pelo empresário Claudio Pereira da Silva e seu destino. De acordo com Malouf, o pagamento de parte dos restos a pagar do caixa 2 de Taques em 2014 teria sido operacionalizado por meio de cheques assinados por Claudio e utilizados para os pagamentos ilegais pelo ex-secretário de Estado Julio Modesto.
De acordo com o documento, teriam sido pagos ilegalmente R$ 700 mil à TR Produções, R$ 600 mil à FCS Comunicação, R$ 200 mil à Vetor Assessoria e Pesquisa e R$ 500 mil à agência Casa de Ideias.
Os anexos 3, 4, 6 e 7 da delação de Malouf ao MPF citam pagamentos feitos ao marqueteiro Antero Paes de Barros, dono da TR Produções, e também às demais produtoras. A colaboração foi firmada em 20 de fevereiro de 2018, quando Taques ainda era governador.
De acordo com o delator, Taques o teria procurado em março de 2014 pretendendo disputar o Governo do Estado naquele ano e teria pedido apoio financeiro e ainda ajuda para captação de doações junto a empresários.
Malouf teria formado um grupo para captar doações, legais, com os empresários Eraí Maggi, Erivelto Gasques, Fernando Minosso, Juliano Bortoloto, Marcelo Maluf e ele próprio. Julio Modesto teria entrado no grupo depois.
Após o final da campanha vitoriosa, o grupo teria se reunido em dezembro de 2014 para discutir meios de pagar uma dívida de caixa 2, que teria outros valores além dos devidos às produtoras e somaria mais de R$ 10 milhões.
Segundo Malouf, o pagamento às empresas de comunicação teria sido operacionalizado por meio de contrato de empréstimo, um “mútuo”, assinado por ele e Claudio em 2 de janeiro de 2015, com um total de R$ 1,35 milhão. Os cheques emitidos por Claudio teriam então ficado com Modesto, que teria feito os pagamentos dentro do escritório de Allan no Buffet Leila Malouf.
O delator registra ainda que a FCS foi contratada na gestão Pedro Taques para fazer serviços de propaganda e marketing para o governo.
Claudio Pereira foi ouvido durante a investigação, em 18 de março deste ano. Ele começou explicando que recebeu uma herança de R$ 2,85 milhões e que Julio Modesto era seu consultor financeiro sobre investimentos a serem feitos com o valor. A ideia era oferecer um empréstimo a Malouf, e o empresário afirma que não tinha conhecimento do destino dos cheques e dos valores.
No pedido feito à Justiça Eleitoral, a PF registra movimentações identificadas pelo COAF como suspeitas por estarem acima de valores definidos pelo órgão.
“Importa considerar, ainda, que muito embora o sigilo bancário constitua-se em garantia fundamental, tida pela Constituição Federal como cláusula pétrea, tal instituto não se apresenta como direito absoluto, visto que se curva ao interesse público, que tem o condão de relativizar essas garantias a fim de que não se tornem baluartes da criminalidade”, justifica.
Outro lado
Conforme nota envidada ao RDNews, Pedro Taques alega que durante a campanha de 2014 ao Governo do Estado nunca tratou de recebementos e tem confiança no trabalho executado pelos responsáveis.
Destaca ainda que após 6 anos de investigação nenhuma denúncia foi formalizada e que causa estranhamento o fato da questão vir à tona justamente quando decidiu lançar seu nome ao Senado.
Veja nota na íntegra
Quando candidato ao governo de Mato Grosso em 2014, Pedro Taques, então no PDT, não tratava de recebimento de recursos. Ainda assim, tem certeza de que os responsáveis não fizeram nada de errado.
Fato é que já se passaram 6 anos em que o tema é apurado, destaca-se, apurado, ou seja, sequer é um processo, e que até hoje não revelou nada de errado que tenha sido conduzido em 2014.
Taques lamenta que a apuração, a qual está sob segredo de justiça, determinado pela Justiça, reapareça pautado no momento em que coloca seu nome para o sufrágio popular.
Pedro Taques destaca ainda que seu jurídico já está tratando do assunto e que, desde 01/01/2019, vem solicitando sistematicamente para ser ouvido por toda e qualquer autoridade legal, para todo ou qualquer fato, por entender que não pode limitar o exercicio de defesa de sua reputação, apenas por meio de notas a veículos de comunicação.
Onde prevalece a verdadeira Justiça, ou seja, frente às autoridades legais. É o que sempre confia.
Lembra, por fim, que suas contas de campanha de 2014 foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).