O comportamento da população diante da tênue trégua dada pela pandemia de covid-19 ameaça empurrar Mato Grosso e todo o país para uma verdadeira catástrofe. O alerta tem sido feito quase como um mantra por pesquisadores das mais renomadas instituições do Brasil, entre elas a Fiocruz. A pretensa normalidade à qual a população quer voltar é assentada sobre uma frágil percepção de que a situação da pandemia melhorou. Os dados, porém, mostram que não é bem assim.
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Neste domingo (16), a média móvel de mortes por covid-19 voltou a subir no Brasil, após 15 dias em queda. A taxa já vinha se ‘assentando’ há cerca de uma semana, quando finalmente deixou a casa dos 2 mil óbitos diários para se estabilizar em um patamar ainda bastante elevado de mortes, na faixa de 1.920 óbitos diários. A elevação deste domingo traz preocupação pelo fato de que, tradicionalmente, o final de semana não registra altos números de óbitos devido às peculiaridades do trabalho no Brasil. O exemplo é o fato de que o país registrou 971 óbitos no mesmo dia em que a média móvel de mortes voltou a subir.
Os números também mostram que o número de novos casos tem subido sistematicamente desde a semana do dia 18 de abril, há cerca de um mês, quando finalmente deixamos o auge da segunda onda de covid-19. Na semana passada, o número de novos casos atingiu 440.655, com alta de 4,9% na comparação com a semana anterior. Desta forma, aproxima-se perigosamente do recorde da pandemia, registrado na semana entre 21 e 29 de março, quando foram registrados 539.903 novos casos.
Mas não é só isso que causa preocupação em quem analisa os números. As taxas de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) também continuam bastante elevadas em todo o país, apesar de terem registrado quedas relevantes nas últimas semanas. Levantamento realizado pela rede CNN junto às secretarias de Saúde de todos os estados mostram que 15 das 27 unidades federativas do Brasil estão com mais de 80% dos leitos de UTI ocupados. Mato Grosso está no ‘espectro positivo’, mas ainda assim tem motivos para estar em alerta, já que mais de 77% dos leitos UTI estavam ocupados na manhã desta segunda (17).
Ao contrário do que querem fazer crer os incautos, ainda vivemos uma situação crítica. O número diário de mortes por covid-19 está no mesmo patamar que o auge da primeira onda, mas estamos vivendo um momento de relaxamento de medidas restritivas. Isso nos coloca em uma rota inversa à redução de casos, preparando um cenário terrível para o inverno, quando os pesquisadores estimam que haverá uma terceira onda de contágios. Precisamos colocar o pé no freio enquanto ainda há tempo, pois a tendência é que a terceira onda seja ainda pior do que tudo que já vimos até agora.