O rápido avanço da vacinação dos trabalhadores da Educação em Mato Grosso lança um raio de esperança para as famílias, que anseiam ver seus filhos de volta às salas de aula. Segundo dados da plataforma Localiza SUS, ao menos 23.340 trabalhadores já haviam recebido a primeira dose da vacina contra covid-19 até a noite de quarta-feira (9). Espera-se que esse número seja ligeiramente maior, pois há um certo lapso entre a aplicação da vacina no braço e o registro daquela dose no sistema do Ministério da Saúde.
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A pressa em acelerar a vacinação desse grupo é justificada. O fechamento das escolas desde março de 2020 impõe um alto preço ao futuro das novas gerações. Estima-se que o déficit de aprendizagem os levará a perder até R$ 700 bilhões em renda quando se tornarem adultos, conforme pesquisa feita pelo Instituto Unibanco, em parceria com o Insper. Caso não haja uma retomada do ensino presencial, ao menos na modalidade híbrida, em algum momento em 2021, esse valor pode até dobrar, chegando a R$ 1,4 trilhão.
A pesquisa mostra ainda que os estudantes brasileiros entraram em 2021 com uma redução de 9 pontos em português e 10 em matemática na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), uma prova elaborada pelo Ministério da Educação para avaliar a qualidade do ensino brasileiro. O estudo aponta ainda que os estudantes do ensino médio aprenderam apenas 25% do que era esperado para o ciclo da segundo série, em 2020.
O alarme soado por esse estudo mostra que precisamos tomar medidas urgentes para reverter os prejuízos que já foram causados aos nossos jovens. Caso contrário, passaremos as próximas décadas pagando o alto preço da crise da pandemia. A urgência de ações concretas cabe principalmente ao Ministério da Educação, que permaneceu omisso durante todo o período de pandemia, deixando Estados e municípios sozinhos para articularem – e bem o fizeram – medidas que ajudassem a viabilizar e manter o ensino remoto. Para suprir sua falha no passado, o MEC deveria agora, ao menos, elaborar programas de aceleração da aprendizagem no ensino médio.
Outro desafio que se impõe é convencer um Congresso que decidiu cortar R$ 2,7 bilhões do Ministério da Educação para inflar emendas parlamentares de que precisamos de maiores investimentos no desenvolvimento do ensino. E como demonstrar a urgência de políticas públicas para fortalecer a Educação para um governo que, até hoje, usou o MEC apenas para travar uma guerra ideológica contra inimigos inexistentes.
A pandemia poderá ser vencida com vacinas em um breve espaço de tempo, mas suas consequências nefastas vão perdurar por muito tempo.