Sim, sou agrônomo, irrigante, um dos pioneiros na implantação da irrigação no médio- norte Mato Grosso. Entre os meus colegas de parlamento, sou o mais apto a lutar pela desmitificar sobre as técnicas de irrigação e apresentar a sociedade mato-grossense que ela é o futuro para garantir a segurança alimentar, baratear alimentos da cesta básica, como o arroz, o feijão e popularizar na mesa das pessoas mais pobres o consumo do grão de bico, que é rico em proteína, do gergelim e outros pulses.
Essa é a primeira vez, na legislatura da Assembleia Legislativa, que um produtor rural irrigante, assume uma cadeira no parlamento estadual. Preciso alertar e fazer algo como deputado diante das intempéries climáticas que afetam o campo, a mesa e o bolso da população. Quem não tiver irrigação no futuro devido as mudanças climáticas, correrá sérios riscos de produção e produtividade.
A função da irrigação é garantir a primeira e segunda safra (soja, milho, algodão) e possibilitar ao agricultor uma terceira safra (feijão, gergelim). No campo, um produtor com 1/3 de sua área irrigada, chega à dobra o seu faturamento bruto.
Atualmente, a chuva em Mato Grosso perdura cerca de 205 dias do ano. São 40 dias a menos que anos atrás, isso compromete a segunda safra, se o produtor não tiver irrigação, aumenta os preços dos produtos.
Em um país cada dia mais globalizado, “do agro é pop, agro é tudo”, é inaceitável ouvir a grande mídia, pulverizar informações incorretas sobre as técnicas da irrigação, de que ela consome água, prejudica os lençóis freáticos, por exemplo. Isso é um equívoco, uma área irrigada trabalha o fenômeno cíclico e é uma alternativa comprovadamente sustentável, através do sistema de irrigação como aspersor, gotejamento e pivô central.
Mato Grosso têm 1.300 pivôs centrais de irrigação que correspondem a cerca de 216 mil 398 hectares de área irrigada onde podem ser produzidos o feijão, arroz, a soja para a produção do óleo, mandioca e demais alimentos essenciais da cesta básica.
A irrigação agrega ainda mais valor à agricultura familiar, o produtor de limão, alface, hortifruti granjeiro, através de capacitação e assistência técnica da irrigação, pode também produzir grão de bico, amendoim, gergelim que são culturas favoráveis para o aumento da renda, produtividade e produção o ano inteiro, com, ou seja, chuva, através da irrigação.
Com a responsabilidade de deputado suplente e representante dos produtores rurais e irrigantes, preciso correr contra o relógio, e debater a lei estadual da agricultura irrigada, implantar capacitação e treinamento para os pequenos, médios produtores e da agricultura familiar. E ainda mostrar aos meus colegas deputados e colaborar com o Governo do Estado na elaboração de ações sustentáveis voltadas a preservação dos nossos biomas.
*Hugo Garcia, é deputado estadual da Assembleia Legislativa (Republicanos). Graduado em Agronomia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, sua formação moldou um entendimento sólido sobre os desafios e responsabilidades de seu campo de atuação.