A fala do delegado-geral da Polícia Civil, Mário Dermeval Resende que colocou em cheque a ação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) pode colocar fim as buscas pelos criminosos que ainda estão foragidos na região.
Dermeval garantiu que a Polícia Civil vai investigar a conduta dos policiais militares que em confronto armado matou nove criminosos fortemente armados.
“Tomara que tenha sido o enfrentamento necessário. Cabe à apuração, os exames de necropsia e corpo de delito, exames periciais. Tudo irá constar no inquérito policial e será avaliado inclusive pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário. E se houver qualquer irregularidade, acredito que seja detectada”, disse o delegado.
A fala coloca em dúvida se realmente houve um confronto ou se os policiais executaram os criminosos que aterrorizaram a cidade de Nova Bandeirantes (1.020 km de Cuiabá) e que tem aproximadamente 15 mil habitantes.
Os policiais que estão há 31 dias na caçada pelos criminosos repudiaram a fala do chefe da Polícia Civil, e sentem temerosos com a continuidade das buscas.
"Não acreditamos quando vimos a fala vindo de um chefe de instituição de segurança pública. Estamos aqui no meio do mato há 30 dias, sem comer direito, sem dormir, enfiados no matagal sem nenhum tipo de conforto, e aí vem um delegado que fica sentado no ar-condicionado trabalhando administrativamente e duvidar dos confrontos em que quase perdemos a vida?", indagou um policial do Bope ao Estadão Mato Grosso.
"Se não fosse isso, dos quatro criminosos que prendemos, um acabou sendo solto pela justiça. Nossa família está distante na cidade e sem notícias diárias, a cada novo confronto que enfrentamos, os parentes, esposa, filhos ficam aflitos, porque pode ser um de nós, os mortos. É triste ver que o trabalho exaustivo não é reconhecido nem por uma pessoa ligada a segurança pública que deveria valorizar o trabalho feito, inclusive, tem policiais do GOE da Polícia Civil nesta incansável caçada", acrescentou o policial.
Caso os policiais sejam investigados e encontradas irregularidades, os mesmos podem até serem expulsos da corporação por combater o crime organizado com afinco. Enquanto os policiais podem ser presos e expulsos, um dos criminosos que foi preso por participar do roubo ganhou liberdade durante audiência de custódia e responde em liberdade a participação no crime.