Um homem de 50 anos, investigado pela morte da menina Andrelina Lima Marques, ocorrida há dez anos em Nova Olímpia, foi preso no início deste neste mês, em Goiânia. A garota desapareceu em outubro de 2011, aos 11 anos de idade, depois de sair de casa para brincar na vizinhança. O corpo dela nunca foi localizado, mas a Polícia Civil em Nova Olímpia concluiu o inquérito e indiciou o suspeito pelos crimes de estupro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
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A prisão de J.C.S. foi comunicada nesta segunda-feira (31.05) pelo delegado responsável pelo caso, Adil Pinheiro de Paula. O homem investigado pelo crime ocorrido no interior de Mato Grosso foi preso no dia 12 de maio, depois que a Polícia Civil de Goiânia descobriu dois mandados em aberto, um pela Justiça de Mato Grosso e outro da Justiça de Alagoas.
De acordo com o delegado Adil, o investigado pela morte de Andrelina se passou por pastor evangélico e chegou a morar em seis estados do país utilizando documento falso para escapar dos mandados judiciais que havia contra ele.
“Ele apresenta um perfil psicótico, sem remorsos, e pela declaração dele e relatos da companheira tem mania de perseguição. Mas é uma pessoa que se mostra aparentemente tranquila, sem demonstrar qualquer indício de transtornos. Mas, os relatos da namorada apontam que se ele tinha discussão com qualquer pessoa, reagia dizendo que mataria”, explicou o delegado de Nova Olímpia.
Prisão
J.C.S. foi preso em Goiânia por uso de documento falso e estava junto com sua namorada, sendo ambos conduzidos ao 22º Distrito Policial da cidade. Depois de checagem nos sistemas de identificação, os policiais descobriram a real identidade e o mandado de prisão decretado pela Justiça de Mato Grosso pelo caso da garota Andrelina e mais um, também por um homicídio, ocorrido em Alagoas.
Conforme o delegado Wellington Lemos, do 22º DP de Goiânia, o suspeito se mostrou frio em todo o período do interrogatório e negou os crimes. O delegado reforça que ele não ostenta essa periculosidade, mas que pode ter cometido outros crimes nos estados por onde passou. “Vamos aprofundar as investigações para saber se há outros possíveis crimes contra a vida. Em razão da vida pregressa e da personalidade dele, nada por ser descartado. Vamos apurar se houve algum crime nas proximidades de onde dele residiu”, afirmou Lemos.
O suspeito usava o primeiro nome de Flávio e declarou trabalhar como pedreiro. Ele já morou nos estados de Alagoas, onde foi investigado pela morte do próprio pai, cujo mandado de prisão foi cumprido também em Goiânia. E teve moradias ainda nos estados da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e, por último, em Goiás.
A namorada dele declarou à Polícia Civil que o conheceu em 2019, durante um baile em Goiânia, quando ele se apresentou com o nome de Flávio, e então começaram a namorar. Ela disse ainda que ele nunca declarou o nome verdadeiro e depois de um tempo, após uma discussão entre ambos, ele voltou para Mato Grosso, indo morar em Rondonópolis. Depois de manter contato com ele novamente, a namorada foi reencontrá-lo em Rondonópolis, onde durante uma crise de ciúmes ele a ameaçou de morte e disse que a mataria e enterraria. Após a briga, a mulher retornou a Goiás. Em maio de 2020, o suspeito voltou para Goiânia e reatou o relacionamento com a namorada, mas sempre a tratava com agressões quando ela discordava dele.
Durante as discussões e surtos, em certa ocasião ele declarou à namorada que havia matado duas pessoas, sendo uma delas um motoboy em Rondonópolis e a outra pessoa em São Paulo. A mulher disse ainda que não acreditava nas afirmações do namorado e achava que ele inventava as histórias para demonstrar coragem.
Frieza nas declarações
Em interrogatório, o suspeito declarou que morou na cidade de Nova Olímpia por quase dez anos, onde trabalhou em usinas de álcool e açúcar. Em relação à garota Adrenalina, ele somente relatou que foi vizinho da família da vítima, mas que não se recordava do fato e que ficou sabendo do desaparecimento da menina por informações na rua e alegou não se lembrar direito do que ocorreu à época. Quando indagado sobre a menina, ele relatou que a viu no período da manhã, no dia em que ela sumiu, junto com um garoto que sempre entrava no quintal da casa dele para pegar goiabas.
Ele negou qualquer relação com o desaparecimento da garota, assim como os fatos investigados pela Polícia Civil que o colocaram como o principal envolvido no crime.
Investigação
O delegado Adil Pinheiro destaca que o inquérito instaurado na Delegacia de Nova Olímpia concluiu, com base em indícios e informações coletadas nas investigações, que J.C.S. cometeu abuso sexual contra a criança e depois matou e ocultou seu corpo. “Para encobrir os abusos sexuais praticados contra a menina, ele a matou e enterrou. A esperança era de que ele revelasse o local onde enterrou a criança, mas ele demonstra um perfil frio, nega os crimes, apesar de todas as provas apontarem o contrário”, afirma o delegado.
A Polícia Civil divulgou a imagem do investigado para que a população tenha conhecimento e assim as investigações possam resultar em mais informações a respeito de possíveis crimes que ele possa ter praticado nas cidades por onde passou. “Durante o interrogatório em Goiânia ele assumiu apenas que foi vizinho da vítima e nega que tenha cometido qualquer crime contra a menina, assim como a morte do pai ocorrida em Alagoas”, observou Adil Pinheiro.
Sobre a possível reconstituição do crime, o delegado explica que sem a colaboração do investigado, não há como proceder reprodução dos fatos.
“Temos a certeza de dois homicídios bárbaros e mais um que ele alega, que ocorreu em Rondonópolis, que vamos solicitar a apuração à Polícia Civil em Rondonópolis”, esclareceu Adil, acrescentando que o inquérito do desaparecimento de Andrelina Marques foi concluído com autoria, contudo, sem a localização do corpo da criança e J.C.S indiciado pelos crimes de homicídio qualificado, estupro e ocultação de cadáver.