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Polícia Quarta-feira, 23 de Setembro de 2020, 14:08 - A | A

Quarta-feira, 23 de Setembro de 2020, 14h:08 - A | A

CASO ATACADÃO

Vigilante atuou como informante para grupo criminoso em outros roubos

Jefferson Oliveira
Cuiabá

A vigilante Laura Virgínia Carvalho, 39, que trabalhava na empresa Brinks no dia da tentativa de roubo ao Atacadão do Tijucal, teve uma ordem judicial em seu desfavor cumprida na manhã desta quarta-feira (23), em sua residência localizada no bairro CPA II, em Cuiabá, após ser comprovada tecnicamente a sua participação como informante na tentativa de roubo.

A delegada Juliana Chiquito Palhares, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), responsável pelas investigações explicou que foram colhidos diversos materiais durante as investigações que tiveram que ser consolidados e devidamente investigados para que não houvesse a imputação de um crime a pessoas que não estivessem ligadas a tentativa de roubo.

Juliana disse que Laura Virgínia atuava há vários anos na empresa de segurança, sem qualquer tipo de intercorrentes, e por isso, foi necessário todo cuidado e zelo para confirmar ou não, a participação da vigilante.

“Demorou (investigação), pois foram diligências que dependiam de ordens judiciais, tecnologias, de uma reunião e compilação de dados que chegam todos desencontrados. O investigador passou horas e horas analisando cada detalhe. Se chegou um volume gigantesco de informações e tínhamos que ter todo cuidado, pois até então, ela (Laura) não tinha passagem criminal, dentro da empresa não tinha intercorrência, por isso a demora, mas hoje a GCCO tecnicamente tem convicção e certeza do envolvimento dela”, disse a delegada.

No dia do crime, a esposa de Dauan Félix Silva, que morreu no confronto com a polícia disse que a vigilante repassou as informações para os criminosos cometerem o roubo. Até então, a informação poderia ser real, ou até mesmo falsa, para imputar culpa a um inocente e por isso a equipe da GCCO analisou todas as informações com cautela para identificar a participação de Laura na tentativa de roubo frustrada.

Juliana Palhares, também detalhou que Laura possuía ligação com apenas um dos criminosos do grupo e passava detalhes da rotina da empresa de segurança, a esse membro da organização criminosa. As informações eram repassadas por meio de ligações, whatsapp e também pessoalmente pelo o fato, de informante e criminoso morarem no mesmo bairro.

Participação em outros roubos

Durante o período de investigação, os investigadores conseguiram levantar a participação de Laura atuando como informantes em outros crimes.

Bruno Pinheiro

Juliana Palhares

 

“O evento Atacadão, ele foi o evento que finalizou essa associação criminosa, mas eles tentaram em outras oportunidades, outros locais, e locais que coincidentemente eram locais que ela estava abastecendo caixas eletrônicos em outros estabelecimentos. Isso ficou demonstrado na investigação”, revelou Juliana.

O grupo já era investigado pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) em outros roubos, como o da joalheria Moun Bijoux, outros roubos e furtos a estabelecimentos comercias, e segundo a delegada, inclusive uma das armas apreendidas com o grupo, foi roubada de um policial militar, assim como uma arma SMT, roubada da Polícia Civil a um furto a banco em Juruena.

“As ações desse grupo criminoso ultrapassam a esfera do evento Atacadão e não tem a ver só com a vigilante. Está sendo imputada a ela, tanto no Atacadão, quanto a facilitação das outras tentativas que ficaram bem demonstradas nas investigações”, acrescentou.

O principal papel de Laura no grupo era no repasse de informações sigilosas como roteiro que iria percorrer, passava valores e fotos de malotes de dinheiro, então ela municiava o grupo criminoso de informações privilegiadas.

Evidências no dia do crime

Além da denúncia da esposa de Dauan, no dia da tentativa de roubo, a ação de Laura durante o roubo chamou a atenção.

Pela imagem do circuito interno de segurança do mercado, percebe-se o momento que um dos ladrões vai em direção a Laura, e ela não atira no criminoso. Em seguida o ladrão abraça a vigilante e ambos cai no chão.

Laura não atira no criminoso e com a mão direita fica segurando o revólver calibre 38 que ela utilizava. Outro vigilante para salvar a colega de trabalho, utilizando uma espingarda calibre 12, atira no bandido que morre na hora e Laura permanece deitada ao lado do ladrão, enquanto o outro segurança atira e se esconde dos demais criminosos.

“No dia dos fatos, se percebe uma movimentação atípica dela, mas naquele primeiro momento poderia ser uma atipicidade por medo, insegurança, enfim, a análise que fazemos hoje, fica nítida a participação dela, com as imagens e informações que temos hoje, mas na época seria irresponsável de nossa parte imputar ela qualquer tipo de ser tratada como suspeita ou impor alguma medida restritiva de prisão em flagrante sem ter elementos”, pontuou a delegada.

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