A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta segunda-feira (12) que foi adiada a viagem para uma das fábricas onde é produzida a vacina Sputnik V, na Rússia. O adiamento na viagem impõe mais um atraso na importação de 37 milhões de doses do imunizante, compradas pelos governadores de 14 estados.
Com a mudança, o início da vistoria, que estava previsto para o dia 15, deverá ser deslocado para o dia 19. A data ainda será confirmada pela agência. A previsão é que a inspeção dure cerca de cinco dias. Conforme a agência, a visita foi reagendada a pedido do Fundo Soberano Russo.
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O governador Mauro Mendes (DEM), um dos compradores do grupo, criticou a demora da Anvisa para liberar a importação das vacinas compradas pelos estados. Ele citou que já existe uma lei estabelecendo prazo de 72 horas para análise dos processos de vacinas que já tenham sido aprovadas por pelo menos quatro agências estrangeiras consideradas referência.
“Estamos nessa briga com a Anvisa e vamos torcer para que consigamos vencer essa queda de braço e imunizar milhões de brasileiros. Depois da fala do presidente com a equipe que iria a Moscou, até agora nada. Ou seja, não tem pressa. Não deveria ter essa demora. A lei é muito clara: entrou lá, teria que ser liberado em 72 horas. Até agora não liberou e fica falando que está faltando documento”, disse o governador na manhã desta terça-feira (13), em entrevista à Rádio Capital.
A Anvisa pediu para conhecer as fábricas onde são produzidas a vacina russa Sputnik V antes de liberar a importação de 37 milhões de doses compradas por um grupo de 14 governadores. A agência alega que a visita é importante porque os documentos apresentados pelo governo russo não seriam suficientes para permitir a liberação.
Mauro Mendes criticou o excesso de burocracia da Anvisa, lembrando que a Sputnik V já está sendo utilizada em cerca de 60 países. O governador destacou que o país está no meio de uma guerra contra o vírus e não pode ficar se apegando a detalhes burocráticos, especialmente quando a vacina em questão tem apresentado resultados satisfatórios em outros países.
AÇÃO NO STF
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), anunciou nesta segunda-feira (12) uma ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a liberação da importação da vacina russa Sputnik V pela Anvisa. Camilo é um dos maiores compradores do grupo de governadores, com 5,9 milhões de doses negociadas junto ao Fundo Soberano Russo.
91,6% DE EFICÁCIA
Produzida pelo instituto russo Gamaleya, a Sputnik V é a quarta vacina a ter resultados da fase 3 de testes publicados em uma revista cientifica, depois da Pfizer/BioTech, Oxford/AstraZeneca e a Moderna. Isso significa que os dados foram revisados e validados por outros cientistas.
A vacina russa registrou eficácia de 91,6% contra casos sintomáticos de covid-19. Para chegar ao resultado, foram analisados dados de 19.866 voluntários que receberam a primeira e a segunda dose, com período de 21 dias entre as aplicações. Desses, 14.964 tomaram a vacina. Outros 4.902 receberam um placebo.
O imunizante também mostrou 100% de eficácia contra casos moderados e graves de covid-19. Os dados sobre a vacinação de idosos também são positivos: a eficácia geral chega a 91,8% neste grupo.
