Carlos Fávaro (PSD) é o único senador por Mato Grosso que assinou, até o momento, o requerimento para ampliar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, incluindo governadores e prefeitos entre os alvos de investigação. Até esta segunda-feira (12), 33 senadores já haviam assinado o pedido, número maior que o necessário para dar início ao processo. O requerimento foi feito pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE).
Ao apoiar a CPI, Fávaro afirmou que este não é o melhor momento para a instalação de uma CPI. Ele não assinou o requerimento original, que tinha apenas o governo federal como alvo. Ele se justificou afirmando que a comissão proposta anteriormente apresentava um risco de se tornar ‘palanque eleitoral’.
“Havia um grande risco de que esta CPI se tornasse um palanque, visando as eleições de 2022. Com a ampliação do escopo da apuração, vamos ter a oportunidade de um trabalho sério, técnico, pautado apenas e tão somente na busca por informações destes casos suspeitos”, pontua o senador mato-grossense.
O pedido de abertura da CPI da Covid-19 foi feito no começo do ano pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se recusava a instalar a comissão, que tinha como foco apenas as ações do governo federal.
Na última quinta-feira (8), o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura da CPI, atendendo a um pedido dos senadores Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Desde então, aliados do presidente Jair Bolsonaro se articulam para aumentar o escopo da investigação, incluindo governadores e prefeitos na lista de investigação. A ideia é que, ao ampliar o número de investigados, seja reduzido o foco sobre o presidente e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Ao justificar seu pedido, Eduardo Girão ressaltou que ao menos 61 operações foram deflagradas pela Polícia Federal até dezembro do ano passado, para apurar supostos desvios de recursos públicos destinados para o combate à pandemia. Neste período, foram emitidos mais de mil mandados de busca e apreensão e 144 de prisão. No total, o valor dos contratos investigados é de quase R$ 2 bilhões.
“Espero que a verdade venha à tona, quem está devendo vai ter que se justificar e quem errou vai ter que ser punido”, afirmou Girão.
Analistas políticos avaliam que a ampliação do escopo da CPI aumenta as possibilidades de que as investigações não apresentem resultados, já que será preciso apurar o uso de recursos públicos por parte de 27 entes federativos e 5.570 municípios.