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Política Quarta-feira, 21 de Outubro de 2020, 12:37 - A | A

Quarta-feira, 21 de Outubro de 2020, 12h:37 - A | A

SAÚDE VS IDEOLOGIA

Bolsonaro contraria Pazuello e Mato Grosso pode ficar sem vacina em janeiro

Gabriel Soares

Poucas horas após o governador Mauro Mendes (DEM) anunciar que poderia disponibilizar a vacina Coronavac a partir de janeiro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, na manhã desta quarta-feira (21), que não pretende liberar a aquisição do imunizante desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac.

Na noite de terça-feira (20), Mendes havia recebido confirmação do Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a inclusão da Coronavac no Plano Nacional de Imunização, com previsão de distribuir 46 milhões de doses aos estados a partir de janeiro. Nesta manhã de quarta, Bolsonaro informou, pelas redes sociais, que a vacina só será comprada caso haja comprovação científica.

“Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, disse o presidente.

A declaração contradiz os esforços de Bolsonaro para divulgar, incentivar e distribuir a cloroquina, medicamento cuja eficácia contra o coronavírus é rejeitada por vários estudos científicos. Além disso, o governo federal já firmou acordo com o laboratório AstraZeneca, no valor de R$ 1,9 bilhão, para adquirir 100 milhões de doses da ‘Vacina de Oxford’.

Tanto a vacina de Oxford quanto a Coronavac se encontram no mesmo estágio de pesquisa, a fase 3, que prevê testes em massa. Nenhuma das duas tem eficácia comprovada até o momento, nem registro na Anvisa. Contudo, ambas estão sendo testadas em vários estados do Brasil, inclusive em Mato Grosso.

Enquanto a Coronavac pode ser disponibilizada já no começo de 2021, a vacina de Oxford só deverá começar a ser entregue após o segundo semestre do ano que vem. Essa foi a previsão apontada pelo ministro Pazuello, que pretendida começar a distribuir a Coronavac para, mais tarde, fazer a distribuição da vacina britânica. Ambas só seriam incluídas no Plano Nacional de Imunização (PNI) após aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Por meio de nota, o governo de Mato Grosso defendeu que o governo federal continue liderando o processo de compra da vacina contra covid-19. “O Governo de Mato Grosso defende que o Governo Federal lidere esse importante processo e disponibilize a vacina contra a covid-19 à população. E o mais importante: que as vacinas entregues sejam confiáveis e devidamente atestadas pelos órgãos sanitários”.

QUESTÃO IDEOLÓGICA - Muitos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro criticam o acordo para aquisição da Coronavac porque a China é um governo de esquerda.

"Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da Ditadura chinesa", disse um seguidor do presidente. Na sequência, Bolsonaro respondeu: "Não será comprada".

Outros apontam que a CoronaVac está sendo desenvolvida em parceria com o governo de São Paulo, já que o governador João Doria (PSDB) tomou a frente das negociações com o laboratório Sinovac e iniciou os testes por meio do Instituto Butantan. Aliados nas eleições de 2018, Doria e Bolsonaro hoje são adversários políticos e podem disputar a presidência em 2022.

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