Demanda reprimida, crédito acessível e juros baixos impulsionaram o aumento de financiamentos imobiliários em meio à pandemia da covid-19. Na última segunda-feira (28), o Banco Central divulgou dados do sistema financeira e dentre eles está a alta de 4,5% de empréstimos feitos pelas famílias em agosto, ante ao mês de julho. Uma boa parcela desses pedidos está relacionada a financiamentos imobiliários, que cresceram 11% no período.
“Existe um problema, a pandemia, mas sabemos que ela é passageira, não é definitiva e por isso não muda a perspectiva do país, que é de expansão e retomada. Isso faz com que as pessoas acreditem em um futuro melhor. Outro ponto é que tínhamos uma demanda reprimida, em que havia muitas pessoas querendo comprar a casa própria, mas não realizava porque os juros eram altos”, descreve Marco Pessoz, presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso (Secovi-MT).
A crise econômica causada pela pandemia, de certa forma, trouxe uma resposta positivo para quem pretendia investir em imóveis ou ter a casa própria. Alguns fatores contribuíram para isso.
“A pandemia juntou uma situação ruim, de ficar preso em casa, e muitos viram que tinha que mudar algo. O home-office, também, contribuiu para que se pensasse em qualidade de vida, com uma casa maior com escritório, várias situações foram desencadeando e contribuindo para a decisão de uma mudança”, cita Marco Pessoz.
A taxa base de juros, a Selic, já vinha de uma sequência de queda desde o ano passado e alcançou o seu menor patamar na história em meio à pandemia. Hoje, é mantida pelo Banco Central a 2% ao ano.
Essa mínima histórica teve como consequência a abertura de linhas de créditos imobiliários a juros mais baixos a partir de maio deste ano. O peso dos financiamentos imobiliários nos resultados dos empréstimos às famílias no mês de agosto é, segundo Marco, um resultado desse cenário econômico.
“A redução da taxa de juros fez com que as pessoas tivessem acesso ao crédito, o que se confirmou em agosto. Teve processos [de financiamento] iniciados em maio. Até o fim do ano, a tendência é que esse volume de empréstimos aumente e seja positivo para o setor da indústria da construção”, prevê Marco.
Em agosto, os bancos emprestaram R$ 12,7 bilhões para financiamentos imobiliários. O montante é 76% maior que o registrado em agosto do ano passado (R$ 7,2 bilhões).