A juíza Christiane da Costa Marques Neves, relatora convocada da Terceira Câmara Criminal, revogou a liminar que concedeu a liberdade a Joadir Alves Gonçalves, o “Jogador” ou “Véio”. Ele foi alvo da Operação Ragnatela, deflagrada pela Polícia Federal em junho do ano passado, que desbaratou um esquema de lavagem de dinheiro para o Comando Vermelho por meio de casas noturnas de Cuiabá. A magistrada acolheu o recurso do Ministério Público do Estado (MP-MT). A decisão é desta tarde de sexta-feira, 13 de junho.
“Ante o exposto, acolho a manifestação ministerial e, com adminículo no art. 315 do Código de Processo Penal, reconsidero, inaudita altera pars, a decisão anexa ao id. 292373898, para o fim de revogar a liminar concedida a Joadir Alves Gonçalves, qualificado, revigorando a prisão preventiva outrora decretada em seu desfavor. Expeça-se, incontinente, o competente mandado de prisão preventiva, encaminhando-se aos órgãos de captura para o seu fiel cumprimento”, diz trecho da decisão.
Ao ingressar com o recurso, do tipo agravo regimental, o MP apontou que a concessão de liberdade a Joadir – deferida na última quarta, 10 – era um erro processual do juiz de primeira instância, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá. A liberdade havia sido concedida com base no argumento de excesso de prazo no processo.
Porém, o MP ressaltou que o argumento não procede, até porque a 3ª Câmara Criminal já julgou essa alegação durante julgamento colegiado no último dia 31 de maio. Na ocasião, segundo o documento, os desembargadores firmaram o entendimento que o caso é complexo, com um total de 14 réus, com prazo maior porque alguns réus são representados pela Defensoria Pública do Estado (DP-MT).
Em sua decisão, Christiane citou que a revogação da liberdade não causa prejuízo a Joadir porque recentemente ele teve uma condenação e já possui uma sentença total de 70 anos de reclusão em regime fechado.
“É importante assinalar, de qualquer modo, que prejuízo algum será provocado ao paciente pela revogação da liberdade concedida, pois foi-lhe decretada, recentemente, a regressão para o regime fechado, na execução de pena fiscalizada nos autos SEEU XXXXXXX-XX.XXXX.8.11.0042, Vara Única de Santo Antonio do Leverger/MT [decisão segregatória datada do dia datada de 11/6/2025, mov. 198.1], por força da unificação de uma nova condenação no curso da execução, perfazendo, assim, mais de 70 anos de reclusão a serem descontados em regime inicialmente fechado”.
OPERAÇÃO RAGNATELA
A Operação Ragnatela foi deflagrada em julho do ano passado pela Polícia Federal e teve como alvo a aquisição de casas noturnas em Cuiabá para suposta prática de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, por meio da realização de shows nacionais.
Joadir foi preso no Rio de Janeiro, quando desembarcava no Aeroporto Santos Dumont, em companhia de outro alvo da operação, o ex-jogador de futebol João Lennon Arruda de Souza. Entre os alvos da PF também está o ex-vereador por Cuiabá, Paulo Henrique de Figueiredo (MDB).