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Opinião Terça-feira, 04 de Maio de 2021, 10:21 - A | A

Terça-feira, 04 de Maio de 2021, 10h:21 - A | A

EDITORIAL - 04/05/2021

Oportunidades no horizonte

Mato Grosso tem uma nova chance de ouro com o novo ciclo das commodities iniciado durante a pandemia de covid-19. Os principais produtos de exportação do estado têm sido comercializados em valores bem altos, superando médias históricas, influenciados principalmente pela alta estratosférica do dólar e o aumento inesperado na demanda. Historicamente, os ciclos das commodities trazem crescimento econômico e social para toda América Latina, como demonstra um estudo divulgado recentemente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

No entanto, é preciso um esforço político para que não sejam repetidos os erros do passado, que levaram à derrocada econômica dos países que mais lucraram durante os períodos dourados, tendo a Venezuela como principal exemplo.

A conjuntura econômica atual aponta para o surgimento de um novo ‘superciclo’ das commodities, iniciado com as políticas de estímulo econômico decretadas pelos governos ao redor do globo. A tendência é que esse crescimento da demanda por commodities seja mantido no processo de retomada econômica pós-pandemia e impulsionado pela mudança abrupta para tecnologias mais sustentáveis, como é o caso do setor automotivo, que prevê uma migração completa para a eletrificação ainda nesta década.

Além do possível superciclo das commodities, o FMI destaca em seu estudo que a pandemia trouxe uma oportunidade para que os países da América Latina promovam as reformas estruturantes necessárias, como a reavaliação do sistema tributário e a reestruturação das finanças públicas. Sinais estes que ainda estão sendo ignorados, em grande parte, pelo governo brasileiro, que ainda não conseguiu avançar com as reformas administrativa e tributária, necessárias para melhorar a capacidade de investimentos públicos e o ambiente de negócios no país.

Os desafios são maiores se quisermos garantir que o bom momento que se avizinha não seja apenas uma ‘marolinha passageira’. Além da questão fiscal, já citada, é preciso garantir que não ficaremos eternamente dependentes das commodities. Para isso, é importante que a torrente de recursos que virá seja canalizada de forma a garantir a diversificação da economia, dando ênfase à verticalização. É uma lição que cabe especificamente para Mato Grosso, o celeiro do Brasil, atrasado na corrida da verticalização devido aos desafios logísticos que nos são impostos pela geografia.

Antes de mais nada, é preciso lembrar que o aumento na demanda é temporário e, mais cedo ou mais tarde, irá se estabilizar. É essencial que direcionemos esse impulso em favor do crescimento coletivo da nação, em vez de apenas enriquecer os poucos produtores de commodities. Surge uma nova oportunidade no horizonte. A questão agora é se conseguiremos aproveitá-la ou continuaremos no eterno ciclo de servidão à economia mundial.

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