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Opinião Sábado, 19 de Junho de 2021, 10:31 - A | A

Sábado, 19 de Junho de 2021, 10h:31 - A | A

EDITORIAL - 19/06/2021

Vidas secas

Não é apenas o fornecimento de energia elétrica que está ameaçado pela grave crise hídrica que o Brasil enfrenta. O carro-chefe da economia mato-grossense, o agronegócio, também passa por apuros diante das incertezas climáticas deste ano, com um forte impacto sobre a safra de milho e de algodão. A estimativa inicial da safra de milho, incluindo as três etapas, era de 106,41 milhões de toneladas. Agora, já se calcula que a produção irá cair para 96,39 milhões de toneladas, uma redução de 9,4% até agora. Isso significa uma queda de 6% frente ao resultado da safra anterior, de 2019/20.

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Os estoques de milho também estão em franca queda, o que acaba por dificultar também a indústria de proteína animal, altamente dependente do cereal, principal insumo da ração. Em meio à escassez de milho no mercado interno, essencial para a alimentação animal e humana, o governo chegou a isentar a importação do cereal de fora do Mercosul e ainda liberou a entrada de um transgênico novo. Essas manobras atendem à demanda da indústria de alimentos, mas não devem ser suficientes para suprir a necessidade. Afinal, o cereal encontra-se altamente valorizado no mercado mundial e sua importação tende a aumentar os custos dos produtores com alimentação dos animais e pode levar a uma nova alta nos preços das carnes.

Apesar da chuva insuficiente, a safra deste ano deve registrar um novo recorde, comprovando, mais uma vez, a eficiência da agricultura brasileiro. Com alto nível de produtividade, os produtores brasileiros conseguem fazer cada vez usando menos. A produção total de grãos no Brasil deve ficar em 262,13 milhões de toneladas, cerca de 5,1 milhões de toneladas a mais do que a produção registrada em 2019/2020. Os resultados mais favoráveis vêm da safra de soja, que já terminou com perspectiva de alta de 8,8% frente ao resultado da safra anterior.

Mesmo com bons resultados, é imprescindível que aprendamos com os erros que nos trouxeram a mais essa crise hídrica, uma na sequência de várias outras, mas que já é considerada a pior em mais de nove décadas. A situação atual mostra claramente o preço que o descaso com a preservação ambiental irá nos cobrar nos anos vindouros, com um alto impacto na economia nacional em todos os setores.

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