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Política Segunda-feira, 14 de Dezembro de 2020, 17:29 - A | A

Segunda-feira, 14 de Dezembro de 2020, 17h:29 - A | A

VACINA

Oposição apoia cobrança do STF por plano federal de vacina

Câmara dos Deputados

Alice Portugal: o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes que precisam ser vacinados para interromper a pandemia, mas o governo não tem um plano nacional

Parlamentares de oposição defenderam a pressão feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Ministério da Saúde para a elaboração de um plano de vacinação contra a Covid-19.

O ministro do STF Ricardo Lewandowski deu 48 horas para que o governo esclareça qual a previsão de início e término da vacinação e quais serão as fases planejadas. A decisão foi tomada após o governo entregar um plano sem cronograma.

Para o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), o STF tomou uma "decisão consciente". "O mundo já começou a vacinar. O Brasil não sabe o que vai fazer, está mais perdido que cachorro quando cai do caminhão de mudança. Está mais perdido que cego em tiroteio. Está na hora de nos encontrarmos.", disse.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) destacou que o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes que precisam ser vacinados para interromper a pandemia, mas o governo não tem um plano nacional. "Isso mostra o quão perverso é o desmonte do nosso parque tecnológico", afirmou. "É preciso ter a vacina do Butantan, da Fiocruz, é preciso ter todas as vacinas para a imunização de um país-continente", disse.

Na avaliação do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o plano que o governo tem até agora pode ser comparado a uma tabela incompleta sem aval científico. "No máximo, é uma tabela incompleta, visto que o relator da matéria, ministro Lewandowski, deu prazo de 48 horas para que o governo diga quando começa, quando termina, dentre outros elementos próprios de um programa de vacinação", disse Chinaglia.

Ele ressaltou que o Brasil corre sérios riscos de ficar para trás na disputa entre os países pelos imunizantes disponíveis no mercado. "O governo apostou praticamente em uma única vacina", lamentou.

O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) destacou que os dados apresentados até agora foram rechaçados por especialistas. "O governo apresentou um plano frágil, um plano inconsistente e, por mais surreal e inacreditável que possa parecer, um plano com assinaturas falsas, um plano que tem fake news de validação de cientistas e pesquisadores, que não foram nem consultados", criticou.

Para o deputado Valmir Assunção (PT-BA), a vacina contra a Covid não é prioridade para o governo federal. "É duro vermos Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, México, Argentina, Venezuela, Chile, todos esses países estão na frente para imunizar a sua população, enquanto o governo brasileiro não centraliza o debate, não debate com os municípios nem com os governadores, não cria uma estratégia para chegarmos ao momento de imunização da nossa população", declarou.

O deputado Jorge Solla (PT-BA) lembrou que o plano de vacinação deveria estar contemplado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para definir os custos e o investimento. "Estão acumulados 2,5 milhões de comprimidos em estoque de cloroquina que não servem para enfrentar a Covid. Estão acumulados milhões de testes que não podem ser usados porque estão incompletos, os kits necessários para fazer a testagem da população brasileira. E, até agora, não há um plano efetivo que garanta a compra dos insumos e da vacina, nem tampouco há uma previsão no Orçamento do próximo ano", criticou.

 

Reportagem - Carol Siqueira
Edição - Pierre Triboli

 

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