Além de causar dor imensurável para familiares e amigos, o alto número de mortes por covid-19 tem gerado perdas em campos de conhecimentos específicos no mercado de trabalho. No setor privado, o número de desligamentos por morte de trabalhadores com carteira assinada cresceu 71,6% no 1º trimestre de 2021, quando comparado ao mesmo período de 2020. A quantidade de vidas perdidas neste grupo foi ainda maior em dez estados brasileiros, entre os quais está Mato Grosso.
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O levantamento das mortes entre os profissionais no regime celetistas (CLT) foi divulgado no mês de maio pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A pesquisa mostra que houve crescimento de 71,6% nos desligamentos por morte no Brasil, saindo de 13,2 mil para 22,6 mil. Em Mato Grosso, essa taxa supera a média nacional, o que coloca o estado como a 8º unidade federativa com mais desligamentos por morte, com aumento de 84,1%. De acordo com os dados do Dieese, entre janeiro e março deste ano, foram desligados um total de 453 trabalhadores celetistas, contra 246 em 2020.
O Amazonas foi o estado com o maior crescimento percentual de desligamentos por morte: 437,7% - foram 114 no primeiro trimestre de 2020, contra 613 no mesmo período de 2021. Em seguida vêm outros três estados do Norte: Roraima, Rondônia e Acre. No estado de São Paulo, o mais populoso do país, os desligamentos por morte cresceram 76,4%, passando de 4,5 mil para 7,9 mil.
Os trabalhadores mais atingidos são aqueles que atuam na atenção à saúde humana. A morte desses profissionais significa perda de mão de obra qualificada. Entre enfermeiros e médicos, o aumento de desligamentos por morte chegou a 116,0% e 204,0%, respectivamente.
“Entre todas as atividades econômicas, as que apresentaram maior crescimento no número de desligamentos por morte estão: educação, com 106,7%, transporte, armazenagem e correio, com 95,2%, atividades administrativas e serviços complementares, com 78,7% e, saúde humana e serviços sociais (agregado), com 71,7%”, aponta o relatório do Dieese.
TERCEIRA ONDA - A entidade, em seu balanço do primeiro quadrimestre de 2021, também aponta que o cenário brasileiro segue incerto e volátil. O agravamento da pandemia e “a inépcia do governo federal para coordenar e pensar estratégias e ações” são razões para esta perspectiva.
“Os desafios impostos pela crise sanitária são enormes para todos os países, mas aqueles que ‘aprenderam’ com a pandemia esboçam sinais de recuperação da atividade, com o controle das mortes, dos contágios e a vacinação em massa. No Brasil, que já vinha com a economia praticamente estagnada há alguns anos, infelizmente, é possível afirmar que os efeitos sobre a população mais vulnerável e a atividade econômica devem se aprofundar ainda mais, caso o governo federal não mude a maneira de atuar diante da pandemia”, destaca o Dieese.