A liberação da entrada de uma nova variedade de milho transgênico no Brasil poderá ajudar a reduzir os custos de produção de suínos, aves e, em menor grau, de bovinos. Desenvolvida e cultivada em solo americano, a espécie modificada recebeu o aval da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para consumo animal e humano no país a partir do próximo mês de julho.
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Produtores mato-grossenses veem nessa aprovação uma oportunidade para recuperar a rentabilidade perdida ao longo deste ano, que tem sido pressionada pelos altos preços dos insumos. No 1º trimestre deste ano, os suinicultores de Mato Grosso investiram cerca de R$ 5,64 para cada quilo de carne produzida. No mesmo período, o quilo da carne era comercializado na faixa de R$ 5,35 para o suíno vivo e R$ 9,80 para a carcaça comum.
“Os valores dos principais insumos da atividade, milho e farelo de soja, tiveram leve aumento na média mensal, contexto que reduziu o poder de compra de suinocultores frente a esses alimentos”, avaliam os analistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-Esalq/USP).
Na relação de troca – suíno vivo por milho e farelo de soja –, a suinocultura também saiu perdendo no mês de maio. A queda nos preços da proteína no decorrer do mês, motivada pela redução das vendas internas, se soma à valorização da saca do milho e farelo da soja, principais insumo da atividade, o que acaba ‘espremendo’ a margem do produtor. A relação de troca em maio caiu 10,8% na comparação com abril.
Não são apenas os suinocultores que se animaram com a liberação da nova variedade de transgênico. Os criadores de gado também esperam um resultado positivo na redução de seus custos, mas em menor grau.
“Estamos falando de um milho a quase dezoito dólares (R$ 91), quando no passado tinha um produto a seis dólares (R$ 30)”, destaca Francisco Manzi, diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). “Isso sempre tem impacto, mas, diferente do suíno e das aves, que dependem desse milho, a bovinocultura também conta com um subproduto do milho (DDG) para alimentação suplementar. Então, apesar de não ser grande, haverá um reflexo na atividade também”, explica Francisco.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também avalia como positiva a publicação da Resolução Normativa n° 32, que mudou as regras em relação a cultivares transgênicas. Segundo a entidade, a nova norma também viabiliza a importação de grãos de fora do Mercosul, o que cria mais uma alternativa aos produtores.
“Agora, com a redução do desequilíbrio que existia entre a fácil exportação de grãos brasileiros e a difícil importação para território nacional, além da viabilização técnica da importação proveniente de grandes produtores de grãos, como é o caso dos EUA (aliada à isenção da TEC de importação desses insumos), espera-se que a especulação que causou aumentos injustificados no Brasil (com impacto na inflação dos alimentos) arrefeça gradativamente”, diz a entidade.
De acordo com a associação que representa o setor de proteína animal no país, a cadeia produtiva de proteína enfrenta forte crise no acesso aos insumos básicos de produção: o milho e a soja. Segundo a entidade, essa suplementação é responsável por 70% da composição de custos de aves, suínos e ovos. A alta acumulada nos custos, nos últimos 12 meses, gira em torno de 40%, conforme Índice de Custo de Produção da Embrapa Suínos e Aves (ICP), índice usado como referência pelo setor.