O deputado estadual Eduardo Botelho (União) avalia que a cassação do mandato de Neri Geller (PP) na Câmara Federal deve beneficiar a campanha do senador Wellington Fagundes (PL), que busca a reeleição. Geller é o principal concorrente de Fagundes na eleição deste ano, pois os dois representavam uma ‘versão estadual’ da polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT).
Ao cassar seu mandato, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Geller inelegível por 8 anos, a contar das eleições de 2018. No entanto, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) autorizou Neri a continuar com campanha, desde que não utilize recursos públicos, até o julgamento definitivo de seu registro de candidatura.
Em conversa com jornalistas nesta semana, Botelho afirmou que a decisão do TSE deixa Fagundes “sozinho na disputa”.
“Eu não sei o que vai ser. Cada um vai definir a sua posição. Eu acho que favoreceu só o candidato Wellington Fagundes, porque praticamente ele ficou sozinho na disputa. Mas, vamos aguardar o que vai acontecer nos próximos dias. Pode ser que substituam o nome dele e apareça um outro. A política é assim, muito dinâmica né”, disse Botelho, cujo partido está coligado com Wellington na campanha deste ano.
Porém, esse não deve ser o caminho a ser seguido pela coligação de Geller. Aliados do progressista na federação de esquerda (formada por PT, PV e PCdoB) defenderam que o candidato continue disputando o pleito sub judice e demonstraram acreditar que ele conseguirá reverter a decisão do TSE.
“A gente tá cansado de ver decisões dessas em que o candidato prossegue com os recursos e depois, no final, ele reverte. Então, se eu tiver que dar um conselho para o Neri, é que ele entre com o recurso e continue com a campanha”, disse o deputado estadual Valdir Barranco, presidente do PT em Mato Grosso.
Geller foi cassado por abuso de poder econômico durante a campanha de 2018. Segundo o Ministério Público Eleitoral (MPE), ele teria realizado doações em favor de 11 candidaturas para deputado estadual, que teriam totalizado R$ 1,327 milhão. Esse valor se soma aos R$ 2,4 milhões gastos por Geller em sua própria campanha, ultrapassando o limite estabelecido para aquele ano, de R$ 2,5 milhões.
O relator do processo, ministro Mauro Campbell apontou que Geller teria usado a conta bancária de seu filho para fazer uma ‘triangulação’ dos recursos de campanha. A investigação conduzida pelo MPE apontou que Geller tentou ‘maquiar’ a origem dos recursos como se fossem pagamentos pela comercialização de produtos agrícolas.